Você sabe o que é Mercado de Derivativos? Entenda o conceito, a importância dessa categoria e sua relação com as criptomoedas.
Se aprofundar no universo financeiro é perceber, cada dia mais, como existem múltiplas oportunidades, com diferentes características e que podem atender melhor as pessoas em pontos específicos. Algumas questões principais costumam ser impeditivas para trazer as pessoas para os investimentos, como o risco e a volatilidade dos ativos, sobretudo quando estamos falando sobre criptomoedas.
O Mercado de Derivativos traz a possibilidade de amenizar estes dois pontos citados. Hoje vamos entender o que é e como funciona esta categoria de investimentos, que, se estruturada e executada corretamente, pode ser uma ótima oportunidade para a entrada de investidores com perfil conservador no mercado cripto.
Dá uma olhada nos tópicos que vamos ver ao longo do texto:
Vamos lá?
Derivativos são uma categoria de ativos financeiros, cujos preços são derivados de indicadores de outros ativos, como o preço, taxa de referência ou o índice de mercado.
Esses derivativos podem ser ativos físicos, por exemplo soja, ouro, café e demais commodities, ou podem ser ativos financeiros, como moedas (inclusive as criptos), ações e taxas de juros.
Esta modalidade de investimentos funciona como um instrumento para mitigar os riscos ou potencializar os lucros, dependendo da forma que é utilizado.
É basicamente um contrato financeiro, entre duas partes ou mais, que é celebrado no presente, mas com compromisso no futuro. Vamos entender melhor o que significa essa “celebração no presente com compromisso no futuro”.
Conforme falamos no início do texto, o Mercado de Derivativos está diretamente relacionado com o risco dos investimentos e com a volatilidade dos ativos, ou seja, suas capacidades de variar o preço em pouco tempo. O risco é a possibilidade de ter prejuízo com alguma operação com os ativos. Numa tentativa de driblar estes dois pontos foi desenvolvido o Mercado de Derivativos.
Neste mercado, existem duas partes envolvidas no processo, a parte compradora e a parte vendedora e ambas precisam estar de acordo com tudo que está no contrato. As negociações podem acontecer em um balcão, em bolsas, ou, no caso das criptomoedas, dentro da corretora.
Em geral, os contratos de operações com derivativos são padronizados e precisam conter todas as especificações, como por exemplo a quantidade que será negociada, estabelecimento de prazos e formas de precificação. Mas, existem subcategorias dentro do Mercado de Derivativos, cujos contratos são personalizados, veremos mais detalhes ao longo do texto.
Existem dois objetivos principais para os traders que recorrem ao Mercado de Derivativos, o hedge, que é justamente a questão de mitigar os riscos e se proteger da volatilidade, e a especulação, para quem busca lucrar com os derivativos. A especulação também pode acontecer por meio de arbitragem.
Por mais estranho que isso vá soar, neste tipo de operação de investimentos existe uma parte que está tentando vender o risco que enxerga no negócio, enquanto a outra parte pretende lucrar exatamente em cima deste risco que a primeira quer se livrar.
Segundo a lógica do mercado, os ativos sofrem suas variações de preços devido a inúmeros fatores, é o que chamamos de volatilidade. No hedge, o investidor tem o objetivo de fazer uma operação com derivativos para proteger o valor do ativo das possíveis alterações que ele pode sofrer no futuro. É como se as partes envolvidas estivessem “travando” o valor do ativo previamente, diminuindo o impacto de uma eventual queda ou supervalorização no preço.
Por exemplo, imagine que você é um produtor agrícola de soja. Se você optar por negociar sua soja com base na lógica dos derivativos, poderia estabelecer um contrato futuro com um preço fixo de quanto você está disposto a vendê-la, se protegendo de uma queda. Não é muito estratégico ter o pensamento de querer sempre aguardar mais uma maior valorização do seu ativo para vender.
Enquanto você fica na expectativa de que ele ainda pode valorizar mais, corre-se o alto risco de se deparar com uma desvalorização súbita e perder a chance de ter vendido enquanto estava na alta.
Então, o produtor consegue estabelecer a venda da sua soja em um preço que ainda o traz lucro, e não se aproxima tanto do ponto de reversão de tendência ou correção, o ponto em que teoricamente a soja passaria de uma tendência de alta, para uma de baixa, se desvalorizando.
Um outro exemplo também muito utilizado para explicar o hedge no Mercado de Derivativos é entendermos a questão das empresas que trabalham transações internacionais.
Imagine que uma empresa brasileira precisa quitar suas dívidas com uma empresa norte-americana, por exemplo. Se a cotação do dólar sobe, automaticamente a dívida da empresa brasileira também aumenta. Se as empresas envolvidas no processo negociam um contrato futuro de dólar, o preço da moeda fica previamente definido para uma data futura. Dessa forma, mesmo que a cotação do dólar varie até esta data futura, a empresa pagará pelo valor que foi predeterminado, se protegendo da variação cambial.
E é claro, se existe uma parte interessada em vender seu risco, precisa existir uma parte interessada em comprá-lo, são os especuladores. Na especulação, as partes envolvidas não estão preocupadas em se protegerem, mas sim em lucrarem. Os traders que apostam nessa modalidade de investimento buscam lucrar justamente na variação de preço dos ativos, sendo mais comum operar em modo day trade, quando entra e sai do mercado no mesmo dia, ou em swing trade, quando o intervalo entre entrada e saída pode durar algumas semanas.
Agora vamos entender os tipos de contratos que acontecem no Mercado de Derivativos.
Contrato a Termo, também chamado de Mercado a Termo, é um dos tipos de contratos que acontecem no Mercado de Derivativos, no qual é representado o compromisso de compra e venda de determinado ativo. Nesta modalidade, os contratos são customizados, ou seja, as informações que estão nele são totalmente definidas de acordo com a demanda do vendedor e do comprador.
Precisam estar claros e pré-determinados no contrato informações como, qual é o ativo envolvido na operação, a sua quantidade, o valor unitário e o prazo de vencimento, que é a data para liquidar a operação. Neste tipo de contrato, o compromisso de comprar e vender não pode ser transferido a terceiros e não é necessário que uma das partes pague na celebração do contrato, ou seja, no momento em que firmam a operação, somente na liquidação, que é a data futura que foi pré-determinada. Esses contratos podem ser negociados na Bolsa ou no Mercado de Balcão.
Ou seja, quem compra um contrato a termo tem a obrigação de comprar o ativo sob as exatas condições que estão no contrato. E quem vende um contrato um termo tem a obrigação de vender o ativo sob as exatas condições do contrato.
Também chamado de Mercado Futuro, neste tipo de contrato existe o compromisso de cumprir a compra e a venda, com base nas informações pré-definidas pelas partes envolvidas. No entanto, a diferença entre esta modalidade e a primeira é o fato de que os contratos futuros permitem a transferência do compromisso a terceiros e só são negociados na Bolsa.
Outra característica deste tipo de negociação é que o ativo sofre ajustes diários no preço que está nos contratos. Os contratos futuros são avaliados diariamente, a partir de um preço de referência, também chamado de preço de ajuste diário. Na prática isso significa que o preço do ativo em questão é ajustado de acordo com as movimentações do mercado. Portanto, se o preço do ativo valorizou em 10%, você recebe esse valor, enquanto se tiver desvalorizado esses 10%, você precisa pagar este valor.
O ajuste diário é uma forma de apurar perdas e ganhos e aumentar a proteção do investidor no contrato futuro.
São os contratos padronizados, no qual não são negociados o compromisso de comprar ou vender um ativo, mas sim o direito de compra e venda em uma data futura. Nos contratos de opções, no qual se compra o direito de participação e não o compromisso, é necessário que tenha um desembolso de valor da parte compradora, no momento em que se fecha o negócio (celebração), esse valor é chamado de prêmio. O prêmio não é o preço do ativo em si, é como se fosse um valor que permite a possibilidade de vender ou comprar o ativo em outro momento.
No contrato já vêm incluídas informações como o ativo objeto da opção, o valor da compra do direito, o prazo para exercer o direito e o valor para liquidar a operação na data futura que foi pré-determinada.
Existe a opção de compra e a opção de venda.
Neste tipo de negociação, quem está vendendo o contrato é chamado de lançador da opção. O lançador, ou vendedor, tem a obrigação de exercer o contrato caso o comprador, que também é chamado de titular, queira seguir com o contrato. Isso acontece pois quem compra pagou o prêmio, que é o que lhe dá o direito de escolher se vai continuar com o contrato ou não.
No entanto, o comprador, ou titular, que já pagou o prêmio tem o direito de decidir se vai executar a opção ou não, ele assume esse risco. Caso o titular escolha executar o lançador tem a obrigação de fechar a negociação, caso escola não executar ele não é reembolsado pelo valor do prêmio.
Recapitulando, na opção de compra, quem paga o prêmio é o comprador e ele tem o direito de comprar, enquanto o vendedor tem a obrigação de vender.
A opção de venda é o raciocínio reverso. Quem paga o prêmio, o titular, ganha o direito de opção sobre a venda, ou seja, escolhe se quer vender ou não. Enquanto a parte compradora tem a obrigação de comprar.
Os contratos de swap, também chamados Mercado de Swap ou Swap de câmbio, os investidores envolvidos na negociação trocam a rentabilidade dos ativos, ainda com a definição de um valor e de uma data para vencimento. A liquidação total acontece no vencimento da operação e o compromisso não pode ser transferido para terceiros.
O swap é um mecanismo importante para reduzir riscos das operações e é mais comum de ser utilizado por bancos ou instituições financeiras.
Um exemplo clássico desta operação é um swap entre ouro x Ibovespa, considerado o principal indicador das ações negociadas na B3.
Suponha que, na data estipulada para o vencimento do contrato, o ouro teve uma valorização acima da variação do Ibovespa. Dessa forma, quem comprou o ouro e vendeu Ibovespa ganha a diferença. Se fosse contrário, e o ouro tivesse uma valorização percentual abaixo da variação que o Ibovespa teve, quem comprou Ibovespa e vendeu o outro recebe a diferença de rentabilidade.
Uma das principais vantagens do mercado de derivativos é justamente a possibilidade de ter um retorno maior, em um espaço de tempo relativamente curto, e a proteção que oferece à parte que vende seus riscos, as operações de hedge.
Este tipo de negociação faz bastante sentido parra empresas que precisam se proteger e variações bruscas, que lidam com ativos super voláteis, moedas estrangeiras ou commodities. Conforme explicamos nos tipos de contratos, empresas que dependem de negociações internacionais sofrem frequentemente com a oscilação cambial, o Mercado de Derivativos é uma maneira de se proteger desta oscilação.
Além disso, no Mercado de Derivativos também é possível efetuar operações com alavancagem, quando os investidores conseguem apostar nos ativos quantias maiores, sem necessariamente ter todo o dinheiro em mãos, ou seja, disponível no momento da operação. Investindo mais, há a possibilidade de a rentabilidade também ser maior.
Porém a operação pode ir pros dois lados, se a especulação estiver correta, numa operação de alavancagem o investidor pode sim ter lucros mais expressivos. Mas o risco que se corre também é maior, e da mesma forma que pode ter lucro, pode ter prejuízos tão expressivos quanto.
As desvantagens desta operação são justamente por ser um mercado de alto risco, com chances altas de ter prejuízo. Além disso, é um mercado que exige experiência e dedicação dos investidores, não sendo indicado para iniciantes. Os investidores precisam acompanhar a todo tempo as movimentações do mercado, pois qualquer variação pode ter um impacto muito maior para os envolvidos nos contratos.
Apesar de ainda não ser muito comum aqui no Brasil, já existem contratos do mercado de derivativos para Bitcoin ou outras altcoins. A ideia de negociar Bitcoins com contratos futuros começou no pico que a moeda teve no ano de 2017, sobretudo em dezembro, quando houve sua valorização mais expressiva. As empresas Chicago Board Options Echange (CBOE) e a Chicago Mercantile Exchange (CME) foram as pioneiras responsáveis por essa inovação.
De maneira sucinta, a base do funcionamento do contrato é a mesma, o investidor negocia um acordo para comprar ou vender suas criptomoedas por um determinado preço fixo, em uma data futura. E é claro, existe a parte interessada em assumir o risco da operação, buscando lucrar justamente em cima das variações bruscas das criptomoedas.
Essa possibilidade, conforme vimos ao longo do texto, consegue proteger os traders da volatilidade das criptomoedas, que já são uma classe de ativos que tem essa característica extremamente atenuada, podendo ser uma opção aos investidores de perfil conservador, que ainda têm algum receio de entrar no mercado cripto.
Ressalto que a Coinext ainda não oferece os serviços de negociação de criptomoedas em modalidades de Mercado de Derivativos.
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