Em tradução livre do inglês, Blockchain é uma "cadeia de blocos". Esta sequência de blocos de dados contendo as transações da rede Bitcoin é imutável e 100% transparente. Saiba tudo sobre essa tecnologia que permitiu a criação de moedas como o Bitcoin.
A Blockchain é uma das principais tecnologias e inovações dos últimos anos. Para muitos especialistas, essa é a melhor resposta para a pergunta o que é Blockchain.
No entanto, algumas pessoas ainda não entendem esse conceito, que começou a ficar mais conhecido sobretudo após o boom das criptomoedas.
Por isso, ao longo desse conteúdo vamos explicar de forma simples e prática o que é e como funciona essa tecnologia e quais são as principais Blockchains existentes. Acompanhe:
Blockchain pode ser traduzida como corrente de blocos. De uma forma simples, trata-se de uma tecnologia que agrupa um conjunto de informações que se conectam por meio de criptografia. Assim, transações financeiras e outras operações podem ser feitas de forma segura.
A Blockchain é importante para garantir que ninguém consiga efetuar fraudes, tornando cada moeda rastreável desde o momento de sua criação. Funciona como um grande livro-caixa público, em que são registradas todas as transações, de forma rápida e segura.
A grande inovação da Blockchain foi armazenar os dados de forma sequencial, porém sem a necessidade de uma entidade coordenando o processo. Os próprios usuários da rede conseguem verificar de forma simples e praticamente sem custo se as regras estão sendo cumpridas.
Ao contrário das redes privadas, a Blockchain permite que os dados sejam compartilhados por todos, sem necessidade de permissão. Os incentivos da rede foram desenhados para que atacantes tenham um alto dispêndio de energia, enquanto o trabalho para os usuários, protegendo a rede e validando transações fosse mínimo.
Esta ideia não surgiu do vácuo, pois grupos de cripto-anarquistas tentavam há mais de três décadas criar uma moeda digital que tivesse certo grau de privacidade e segurança.
Os Cypherpunks, um grupo ativo na década de 1990, foram fundamentais para o desenvolvimento das tecnologias que levaram à criação da blockchain. Defensores da privacidade e da criptografia, eles promoveram o uso de técnicas criptográficas como assinaturas digitais e criptografia de chave pública para proteger a privacidade e a liberdade individual. Essa filosofia influenciou diretamente a criação da blockchain.
Em 2008, Satoshi Nakamoto lançou o white paper do Bitcoin, que descrevia uma nova tecnologia chamada blockchain, utilizando princípios criptográficos para criar um sistema de pagamento descentralizado e seguro. Essa tecnologia resolvia problemas de confiança e segurança em transações digitais, refletindo os conceitos promovidos pelos ativistas.
Assim, o trabalho dos Cypherpunks ajudou a moldar as criptomoedas, trazendo à tona ideias sobre privacidade e descentralização que são centrais para essas tecnologias até hoje
A Blockchain ordena blocos de informação em cadeia sequencial, e originalmente foi denominada de Timechain, ou cadeia temporal. Ela é importante para garantir que ninguém consiga fraudar transações, já que os saldos de cada endereço dependem das movimentações passadas.
Ao contrário de uma conta bancária, em que um banco de dados armazena os saldos, podendo inclusive apagar o histórico de períodos mais longos, a Blockchain registra apenas as movimentações. Para calcular o saldo, deve-se percorrer todo o histórico da rede, acompanhando as transações desde a emissão de cada moeda.
A beleza do negócio é que esta validação é rápida, consome pouquíssima energia, e está armazenada em cada um dos usuários rodando o software da rede Bitcoin. Existem inclusive sites que oferecem gratuitamente este serviço de consulta.
Um novo bloco é gerado a cada 10 minutos em média, e a competição para minerar o próximo inicia-se assim que uma solução válida para o bloco anterior é anunciada. Quem confere esta resposta (hash) fornecida pelos mineradores são os nós (nodes), os usuários comuns da rede Bitcoin.
Ou seja, os mineradores encontram a solução (hash) que interliga o novo bloco ao anterior, mas são os usuários da rede que fazem esta validação, ao mesmo tempo que decidem qual a sequência mais longa de blocos para seguir.
Para começar, vamos ver com mais detalhes o que exatamente esses blocos da Blockchain contêm:
Como cada bloco contém a hash do bloco anterior, adulterar uma simples transação provocaria um efeito dominó em toda a cadeia daquele ponto em diante.
Quer testar isso na prática? Visite esse gerador de senhas e experimente trocar apenas alguma letra ou número de uma frase.
Proteger um banco de dados requer um dispêndio de energia, ao menos no modelo Prova de Trabalho (Proof of Work) utilizado pelo Bitcoin e as principais criptomoedas. Por este motivo, torna-se necessário algum incentivo para que estes mineradores sigam buscando a solução que interliga novos blocos à rede.
Estes mineradores poderiam muito bem ser pagos em moeda fiduciária, porém seu incentivo para manter a rede funcionando seria menor. Uma das invenções de Satoshi Nakamoto foi o mecanismo de remuneração por meio da emissão de novas moedas. Além das taxas de transação pagas pelos usuários, cada bloco encontrado recebia uma premiação de 50 Bitcoins.
Desta forma há um alinhamento perfeito, pois os próprios mineradores têm incentivos em investir em equipamentos, aumentando a proteção da rede, agregando mais valor, tornando o próprio Bitcoin um ativo mais seguro.
Uma dúvida comum é a diferença entre: Blockchain pública e privada. Elas têm diferenças significativas em termos de acessibilidade, controle e uso. Confira
A blockchain pública é aberta a qualquer pessoa. Qualquer indivíduo pode participar, visualizar e validar transações. Exemplos bem conhecidos incluem Bitcoin e Ethereum. Nessas redes, a segurança é garantida por mecanismos de consenso distribuído, como Proof of Work (PoW) ou Proof of Stake (PoS).
Todos os participantes têm acesso ao livro-razão e podem verificar transações, o que promove transparência e confiança. A natureza descentralizada das blockchains públicas permite que funcionem sem uma autoridade central.
Por outro lado, a blockchain privada é restrita a um grupo específico de participantes autorizados. Apenas entidades ou indivíduos com permissão podem acessar e operar dentro da rede. O controle é centralizado, geralmente por uma única entidade ou um consórcio, que define as regras e as permissões de acesso.
A segurança é assegurada por um controle mais direto e menos dependente de complexos mecanismos de consenso. Nas blockchains privadas, as transações são visíveis apenas para os participantes autorizados, oferecendo maior controle sobre a privacidade dos dados. Exemplos de blockchains privadas incluem Hyperledger Fabric, R3 Corda e Quorum.
A Prova de Trabalho (PoW) é um mecanismo de consenso usado em blockchains como o do Bitcoin para validar transações e adicionar novos blocos. Os mineradores competem para resolver um problema matemático complexo, que requer encontrar um número específico que, combinado com os dados do bloco, gera um hash válido.
O primeiro minerador a resolver o problema adiciona o bloco à blockchain e recebe uma recompensa em criptomoedas. Esse processo é intensivo em termos de computação e energia, mas garante a segurança e a integridade da rede ao tornar ataques extremamente caros e difíceis de realizar.
A função usada pelo Bitcoin é a SHA-256, criada pela NSA - Agência Nacional de Segurança dos EUA. De fato, ela é tão difícil de decifrar que mesmo os supercomputadores de hoje juntos levariam mais de 2.000 anos para resolver.
Ao contrário do que se imagina, as mineradoras, estes equipamentos com processadores desenhados especificamente para este algoritmo, trabalham na base de tentativa e erro. Milhões de soluções (hashes) são testadas, até que algum sortudo encontre a correta.
Embora no começo da rede fosse possível minerar com um simples notebook, a disputa por estes novos Bitcoins e taxas de transação foi aumentando com o tempo, portanto hoje isto já não é mais possível, sendo necessário um computador com uma placa de vídeo para mineração.
O gráfico acima mostra o aumento do hashrate, o poder computacional que protege a rede Bitcoin. Esta capacidade cresceu 20 vezes em apenas três anos.
A Blockchain foi criada para resolver o problema do gasto duplo, por meio de um banco de dados descentralizado e facilmente verificável. Neste sentido, há três pilares básicos que permeiam esta estrutura, independente da criptomoeda.
Ausência de uma entidade central coordenadora, ou grupo, com poderes para reverter transações, ou alterar regras de consenso à revelia dos usuários. Embora seja tecnicamente possível realizar ataques, a característica descentralizada do Blockchain permite que seja feito uma cisão da rede, ignorando a sequência de blocos indesejada pelo consenso.
Em redes de blockchain abertas, utilizados pelas criptomoedas, é possível auditar em tempo real todas as transações, além da quantidade já emitida. Este processo é simples e não-custoso, sendo possível utilizar seu próprio nó (node), ou confiar em um terceiro através de exploradores de bloco (block explorers) disponíveis na internet.
Uma vez que a transação é incluída no bloco cuja solução foi encontrada por um minerador e validada pelos usuários através de seus nós (nodes), não há como retroceder. Quanto maior o número de confirmações em uma transação, mais custoso seria para alguém criar uma cadeia de blocos concorrente, de forma a reverter tal transação.
Pode parecer complexo, já que são vários os atores envolvidos no processo, no entanto, tais passos são necessários para assegurar que todos os participantes da rede acompanhem a mesma versão dos dados.
1. Usuário solicita inclusão da transação no bloco;
2. Transação é retransmitida na rede e aguarda confirmação;
3. Minerador insere as transações e encontra solução do bloco;
4. Hash é verificado pelos usuários e bloco é adicionado;
5. Nova Blockchain, mais longa, passa a ser o padrão da rede.
A Blockchain é um banco de dados lento e necessita da coordenação entre todos os participantes para definir as regras de validação, portanto não é uma solução mágica para resolver problemas de conflito no armazenamento de dados.
No entanto, quando se fala de ativos digitais que podem alcançar bilhões ou trilhões de dólares, não há uma maneira mais eficiente para atingir consenso em tempo real. A Blockchain permite que todos os atores tenham incentivos suficientes para continuar protegendo a rede.
Descentralização não é um fim, e sim um método de dificultar ao máximo que entidades ou grupos tenham poder de censura, ou até mesmo reverter transações sem que exista um consenso entre a vasta maioria dos usuários comuns.
Ainda tem alguma dúvida sobre o que é Blockchain? Veja o vídeo abaixo e entenda de forma resumida.
A Web 3.0 representa um conjunto de novas ferramentas, tecnologias e serviços que estão transformando a internet em um ambiente cada vez mais focado no usuário, devolvendo às pessoas o poder sobre seus próprios dados. E essas mudanças não estariam avançando sem a Blockchain.
A Blockchain é a tecnologia que funciona como base fundamental para o desenvolvimento da Web 3.0, uma nova fase da internet, mais descentralizada, livre e transparente com os usuários.
É por meio dos smart contracts (contratos inteligentes executados de forma automática na Blockchain), que são desenvolvidos os aplicativos descentralizados da Web 3.0, servindo a uma série de usos, como DeFi (finanças descentralizadas), Metaversos, games e soluções práticas para negócios e empresas.
As criptomoedas mais conhecidas como Ethereum, Litecoin, Bitcoin Cash e Monero utilizam Blockchains muito similares à do Bitcoin.
No entanto, há algumas ideias interessantes surgindo, utilizando estruturas diferentes, seja na questão da mineração Prova de Trabalho (Proof of Work), ou no formato em que os dados são armazenados e verificados.
Atualmente, já existem várias Blockchains no universo das criptomoedas, com diferentes propósitos de desenvolvimento e aplicação. As principais blockchains do mercado, são:
A seguir, você confere um vídeo com as 5 principais Blockchains para conhecer, inclusive aquelas que você pode ficar de olho caso esteja buscando oportunidades em criptoativos relacionados às redes:
Existem diversas empresas buscando aplicar a tecnologia Blockchain para registro e transferência de ativos reais, utilizando oráculos, instrumentos que fazem este envio e recebimento de dados do mundo físico para o banco de dados descentralizado.
Além de entender o que é Blockchain, é preciso saber que esta tecnologia está em constante evolução, e apesar de o Bitcoin ser a criptomoeda com maior valor de mercado, e a mais conhecida, há competidores sérios buscando outras características e funcionalidades.