Entenda como as taxas de juros afetam o bitcoin e sua precificação. Veja em detalhes como os mercados financeiros, de forma geral, são afetados por esta métrica
O Bitcoin (BTC), a principal criptomoeda do mercado, cresceu de forma exponencial ao longo da última década, se tornando maior do que algumas moedas emitidas por governos. Com este crescimento, a criptomoeda se integrou aos mercados globais, e seu preço passou a ser diretamente afetado por diferentes fatores econômicos.
Entenda como as taxas de juros afetam o bitcoin e sua precificação. Veja em detalhes como os mercados financeiros, de forma geral, são afetados por esta métrica.
Os juros podem ser definidos como o preço do dinheiro do tempo, e são medidos em termos percentuais. Naturalmente, diferentes títulos de dívida contam com variadas taxas de juros, dependendo das condições de mercado e dos contratos assinados pelas partes.
No entanto, quando se fala de taxas de juros no contexto do mercado financeiro, quase sempre estas são uma referência às taxas básicas de juros. As taxas básicas são os juros pagos pelo governo sobre os títulos públicos.
A taxa básica de juros é fundamental para toda a economia por vários motivos. A princípio, títulos públicos são, em teoria, o investimento mais seguro do mercado. Isso é verdadeiro, pelo menos para os títulos emitidos e denominados por governos que emitem a sua própria moeda.
A capacidade de imprimir dinheiro sem lastro praticamente impede que governos se tornem inadimplentes. Por conta deste fator, as taxas básicas costumam ter os menores juros em uma determinada economia.
Portanto, o valor dos juros dos demais títulos de uma economia muitas vezes depende diretamente do valor das taxas básicas. Afinal, investimentos com maior risco tendem a pagar maiores juros
As taxas básicas de juros são definidas normalmente por instituições nacionais. No Brasil, a Selic (a taxa básica nacional) é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que faz parte do Banco Central.
Nos Estados Unidos, a taxa de juros é definida pelo Federal Open Market Committee (FOMC), que faz parte do Federal Reserve (FED).
Normalmente, as taxas de juros dos governos são correlacionadas. Países com situação fiscal e econômica mais deterioradas tendem a ter taxas mais elevadas para compensar o ‘risco país’. Por sua vez, quanto maior a inflação de um determinado país, maior tende a ser também os juros pagos.
Conforme destacado, as taxas de juros dos títulos públicos são normalmente definidas por instituições nacionais. Por sua vez, os bancos centrais utilizam as taxas para balizar o efeito da inflação, bem como a atividade econômica.
Uma elevação dos juros tende a remover liquidez do mercado, uma vez que torna mais atraente o investimento em títulos de renda fixa. Além disso, o aumento dos juros desincentiva a tomada de empréstimos, o que tende a reduzir tanto os investimentos quanto o consumo. Portanto, taxas de juros excessivamente elevadas podem provocar recessão econômica e desemprego.
Por sua vez, juros menores incentivam a tomada de empréstimos e tendem a aquecer o mercado de renda variável. No entanto, juros baixos demais tendem a pressionar a inflação. Dessa forma, os bancos centrais atuam manipulando os juros para controlar a economia.
A Selic, a taxa básica de juros brasileira, está atualmente em 10,50%. A Selic vem sendo levemente reduzida desde o começo do ano, passando de 11,25% em janeiro.
Por sua vez, a taxa de juros dos Estados Unidos está em 5,5% e permanece elevada desde 2022, como pode ser visto na imagem abaixo.
As taxas de juros afetam diretamente o comportamento do mercado, visto que incentivam o movimento de liquidez. Em um ambiente de juros mais elevados, os investidores tendem a buscar investimentos baseados em renda fixa, que se tornam mais atrativos.
Normalmente, uma reversão na tendência da taxa de juros tende a provocar correções no mercado acionário. Somente o rumor de que as taxas podem ser elevadas pode ser suficiente para derrubar alguns mercados.
Por sua vez, uma diminuição das taxas torna os investimentos em renda fixa menos atrativos. Isso tende a pressionar os mercados acionários. Além disso, o aumento potencial da inflação mediante a diminuição dos juros pode tornar mais atrativo o investimento em reservas de valor, como bitcoin e ouro.
De modo geral, o Bitcoin pode ser considerado um ativo pouco correlacionado com as tendências econômicas globais. Isto ocorre porque o bitcoin segue, nos últimos 15 anos, ciclos próprios de contração e expansão, alinhados com sua política monetária, que muda a cada 210 mil blocos minerados, em um evento conhecido como halving.
No entanto, a correlação do Bitcoin com a economia global vem crescendo ao longo do tempo. Por exemplo, a criptomoeda despencou no começo de 2020 junto com diversos mercados em meio a temores quanto ao futuro da economia global.
Além disso, o Bitcoin vem se destacando cada vez mais como uma reserva de valor líquida e confiável. Neste contexto, o bitcoin certamente tende a se beneficiar em momentos em que os juros estão elevados.
Isto ocorre por dois motivos. Primeiramente, juros mais altos são positivos para o mercado de renda variável, da qual o bitcoin faz parte. Por sua vez, a busca por uma reserva de valor tende a aumentar quando a inflação está mais elevada. De modo geral, taxas de juros baixas tendem a ser negativas para o Bitcoin.
Os investidores e traders podem ou não utilizar a taxa de juros como uma métrica relevante para suas estratégias. Alguns investidores mais conservadores preferem simplesmente acumular bitcoin e outras criptomoedas a qualquer momento e a qualquer preço.
Por sua vez, outros investidores podem tomar suas decisões com base em múltiplos fatores técnicos e fundamentalistas. As taxas de juros normalmente não são elevadas rapidamente, sendo este um processo lento e gradual realizado pelos bancos centrais.
Os investidores que acreditam que as taxas podem ser relevantes para a precificação das criptomoedas podem investir no setor com base na tendência da curva de juros ou na especulação sobre um movimento futuro do banco central.
Por sua vez, as stablecoins podem servir como um bote de liquidez para os investidores que acreditam que o mercado deve cair. Além disso, aqueles que querem apostar na queda podem comprar posições vendidas.
As flutuações nos juros afetam o mercado, mas o Bitcoin e outras criptomoedas oferecem uma forma de se manter à frente. Não perca a oportunidade de diversificar.
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