Conheça Jericoacoara, Rolante e São Thomé das Letras, três destinos turísticos onde o Bitcoin está sendo usado como dinheiro do dia a dia.
Conheça Jericoacoara, Rolante e São Thomé das Letras, três destinos turísticos onde o Bitcoin está sendo usado como dinheiro do dia a dia. Entenda como a Lightning Network está desempenhando um papel crucial para promover o uso do Bitcoin como método de pagamento.
O Bitcoin (BTC), a principal criptomoeda do mercado, está se estabelecendo como uma reserva de valor confiável, líquida e internacional. Com uma capitalização de mercado superior a US$ 1 trilhão, ele já é maior que diversas moedas emitidas por governos nacionais. Notavelmente, o Bitcoin já é maior que o rublo russo e o franco suíço.
Após anos de discussões técnicas, a camada base do Bitcoin está se estabelecendo como uma rede para liquidação de grandes valores. Ao mesmo tempo, transações que exigem taxas baixas e alta velocidade estão sendo realizadas em soluções de segunda camada, sejam elas centralizadas ou descentralizadas.
Em especial, a Lightning Network (LN), solução proposta para melhorar a escalabilidade do Bitcoin, é provavelmente a ferramenta mais utilizada para liquidar pequenos pagamentos de bitcoin ou realizar compras do dia a dia.
No Brasil, especialmente em Jericoacoara, São Thomé das Letras e Rolante, a LN está se estabelecendo como uma opção popular para pagamentos cotidianos. Estas cidades, localizadas no Norte, Centro e Sul do Brasil, respectivamente, têm visto o uso do Bitcoin ser impulsionado por projetos locais sem fins lucrativos.
Conheça um pouco mais sobre estas três histórias de sucesso do mundo bitcoiner.
São Thomé das Letras é certamente um dos locais mais místicos do Brasil. A cidade, que possui apenas 8 mil habitantes, é uma das principais cidades turísticas de Minas Gerais, estado do qual faz parte.
Fica localizado no alto de um conjunto de montanhas, o que proporciona vistas deslumbrantes de qualquer local da cidade. Além disso, a cidade é cercada por cachoeiras e rios que possuem fácil acesso. Outro ponto de destaque são as inúmeras lendas e misticismos ligados à região, que envolvem gnomos, aliens, duendes e outros seres mitológicos.
E foi em meio a este cenário que surgiu o projeto Montanha Bitcoin. O projeto, iniciado por um bitcoiner local, teve como objetivo espalhar o conhecimento sobre a principal criptomoeda para os moradores da cidade, principalmente os comerciantes e os estudantes.
O resultado foi impressionante. Dezenas de comércios locais estampam os adesivos escritos “Aceitamos Bitcoin”. Os pagamentos são feitos por meio da LN, através de carteiras como a Wallet of Satoshi e a Blink.
Victor Souza, bitcoiner e morador de São Thomé das Letras, afirmou que o projeto vem despertando interesse especial das crianças no Bitcoin:
“As crianças receberam alguns satoshis em suas carteiras, que podem então ser gastas com frutas no maior supermercado local, que concordou em participar do projeto. As crianças ficaram extremamente felizes e interessadas em saber mais sobre o Bitcoin. O Bitcoin é de fato uma tecnologia geracional, que tende a despertar o interesse dos mais jovens. No fim, é algo inevitável, uma evolução natural do dinheiro”.
Além disso, Victor afirmou que pagamentos em bitcoin ainda são incomuns se comparados com os métodos tradicionais, apesar de muitos comércios aceitarem o ativo digital:
“Ainda é mais comum pagamentos em dinheiro, e isso é natural. As pessoas não querem gastar bitcoin. Elas preferem se desfazer do dinheiro fraco do governo. Mas somente a possibilidade de realizar as compras em bitcoin já é uma grande evolução para o uso do dinheiro digital”.
A cidade de Jericoacoara, localizada no nordeste do Brasil, ficou conhecida como Praia do Bitcoin. Inspirada em El Zonte, localizada em El Salvador, Jericoacoara foi pioneira no uso do bitcoin como moeda corrente.
O projeto foi impulsionado pelo bitcoiner Fernando Motolese, que também promoveu ações educacionais com estudantes locais e comerciantes.
Motolese afirmou:
“A bibliotecária da escola me disse que os computadores da sala de informática estavam desligados há 2 anos. Eu sou técnico de informática. Aí falei com o diretor e pedi para ele autorizar a arrecadação de fundos para consertar os computadores da escola.
Então começamos uma aproximação. Postei na internet que precisava de recursos para consertar os computadores. Isso possibilitou nossa aproximação. O pessoal da Bitcoin Beach doou 0,1 bitcoin para nós. Com essa doação de 0,1 bitcoin que recebemos do Bitcoin Beach, realizamos essa ativação, que consistiu na produção de 408 carteiras de papel.”
A integração com a LN foi fundamental para a adoção do Bitcoin na região, que agora conta com diversos comércios que aceitam a principal criptomoeda.
Rolante, localizada no sul do Brasil, é uma cidade com apenas 21 mil habitantes. No entanto, mais de 200 comércios aceitam a principal criptomoeda na região, um número bastante expressivo.
A adoção do Bitcoin na região foi impulsionada pelo casal Ricardo e Camila, que fundaram o projeto Bitcoin É Aqui. Além de impulsionar o uso do bitcoin no comércio, eles também realizaram o evento Bitcoin Spring Festival, que reuniu bitcoiners de todo o país.
Notavelmente, o casal afirmou ainda que a adoção do Bitcoin está ajudando a impulsionar o turismo na cidade:
“O Projeto Bitcoin É Aqui! surge em um momento em que os comerciantes locais estavam famintos por algo que fomentasse o turismo na região. E ao mesmo tempo, quando eu já estava inquieto e necessitava passar os benefícios do Bitcoin para além de mim”.
Victor Souza, chefe de SEO do Criptonizando, destacou que a grande maioria dos comerciantes que aceitam bitcoin na cidade utilizam a Lightning Network para liquidação dos pagamentos, que depois são consolidados na camada base:
“Com o estabelecimento do Bitcoin como uma camada de liquidações para grandes valores, a LN ganha destaque como o principal protocolo aberto para esses pagamentos. Devido à UX ainda um pouco complexa, muitos comerciantes optam por carteiras de custódia, mas que podem então ser enviadas para um endereço proprietário”.
O Brasil e demais países da América Latina estão se estabelecendo como adotantes primários do Bitcoin. A região conta com diversos países que possuem moedas fracas e inflacionárias, que criam incentivos para a adoção da principal criptomoeda. Iniciativas como o Praia Bitcoin, o Montanha Bitcoin e Bitcoin É Aqui estão avançadas em adotar o bitcoin como dinheiro corrente, algo que pode demorar décadas para ocorrer de forma global.