Fungibilidade: Qual o impacto nas criptomoedas?

Fungibilidade é um termo muito utilizado no mundo de investimento. Entenda o conceito de fungibilidade e qual é o seu impacto nas criptomoedas.

Luiza Brito
Última atualização:
15/3/2024

Quem está se interessando pelo mercado financeiro e de investimentos vez ou outra vai se deparar com um conceito novo que, a princípio parece um bicho de 7 cabeças, assim como a fungibilidade.

A verdade é que todos nós já sabemos, inconscientemente, o conceito de fungibilidade, só nunca paramos para pensar.

Neste artigo nós vamos te explicar:

  • O que é fungibilidade?
  • Qual a importância da fungibilidade?
  • O impacto da fungibilidade nas criptomoedas
  • O Bitcoin possui fungibilidade?
  • Privacidade e Fungibilidade

Preparados?

Bom, fungibilidade, em economia, se refere à permutabilidade entre bens. Basicamente é como um acordo universal que diz que tudo aquilo que tiver fungibilidade precisa ser passível de ser trocado por alguma outra coisa de mesmo valor. No entanto, esse “mesmo valor” não pode ser algo subjetivo e a critério de quem quer que seja que esteja fazendo a troca. Este valor precisa ser o mesmo para todos.

Por exemplo, se eu tenho uma nota de R$50,00 ela precisa valer R$50,00 em qualquer lugar do mundo, em qualquer circunstância. É garantido por lei que, independente da forma como você adquiriu esta nota, que ela tenha o mesmo valor sob quaisquer condições.

Outros exemplos de bens fungíveis são: dinheiro, ações de empresas, diamantes, ouro e prata, bens de valor como seu celular ou o computador que você está usando agora para ler o artigo, e até mesmo bens não perecíveis como arroz e feijão. Não é necessário que o bem seja sólido e durável para ter propriedades fungíveis, inclusive alimentos perecíveis podem possuir essa característica, no entanto, faz-se necessário uma especificação do padrão de qualidade.

Qual a importância da fungibilidade?

Este conceito de fungibilidade é fundamental para o mundo das finanças, sem ele seria praticamente impossível a criação de um sistema econômico financeiro que funcionasse. Não teríamos garantia ou base alguma para realizar as funções básicas do dinheiro: a troca por algum outro bem.

E além disso, este conceito foi percebido e criado muitos milhares de anos atrás, logo quando as relações comerciais entre os humanos começaram a fazer parte da rotina.

Pense comigo. Vamos imaginar que você é uma pessoa que vive na época feudal e precisa plantar sua própria comida e criar seu próprio gado também para subsistência. Você cria o seu gado, portanto tem bois e vacas à vontade. Mas, você não cria galinhas, então por vezes pode faltar ovos ou carne de frango, e você sabe que o seu vizinho tem um terreno onde ele cria galinhas. Você pensa e decide oferecer uma troca ao seu vizinho, ele te dá algumas galinhas e ovos e você pode dá-lo um boi.

Mas como decidir quantas galinhas e ovos valem um boi? Como você e o seu vizinho entrariam em um consenso sobre isso? Certamente ele iria afirmar que as galinhas e os ovos são mais valiosos que o boi, e você com certeza também não aceitaria e afirmaria que o boi é muito mais valioso. Então como decidir quem está certo e quem está errado? Além disso, os animais são completamente diferentes, em espécie, peso, utilidade para os humanos e etc. Pontos cruciais que dificultam ainda mais essa troca.

É exatamente aqui que entra a questão da fungibilidade. Sem essa propriedade, seria impossível chegar a um acordo. É necessário uma padronização dos bens que são fungíveis.

Esta é a característica que torna possível substituir um bem por outro da mesma espécie, qualidade e quantidade, sem que nenhuma das partes envolvidas na relação sofra prejuízo.

O impacto da fungibilidade nas criptomoedas

Bom, o dinheiro na forma como o conhecemos, precisa seguir algumas regras e ter algumas propriedades para de fato ser considerado dinheiro. Além da fungibilidade, como já discutimos aqui, o dinheiro também precisa ser durável, divisível, uniforme, portátil, ter aceitação por parte da comunidade e ser limitado.

Podemos perceber várias características semelhantes do dinheiro com os criptoativos, isso acontece pois eles são considerados bem digitais colecionáveis, portanto faz sentido que sigam as mesmas regras do dinheiro. A única exceção é a questão da aceitação, que no caso das criptomoedas sabemos que ainda não é 100% da sociedade que as aderiu. Mas elas têm sim sua aceitação na comunidade, do contrário o projeto nem teria ido pra frente, lá em 2009, quando foi criado.

Além disso, a outra grande diferença entre o dinheiro e os criptoativos é que, estes últimos existem somente no meio digital, não sendo um ativo físico. Porém, é possível ter unidades digitais representadas fisicamente.

A questão é: os ativos digitais são duráveis, são portáteis, uniformes e divisíveis, mas a questão da fungibilidade ainda é delicada.

Na teoria, conforme vimos ao longo do texto, as criptomoedas são bens fungíveis, mas possuem outras características que podem enfraquecer essa fungibilidade sob determinadas condições.

O que acontece é que algumas corretoras ou demais empresas que intermediam relações com criptos, se especializaram em rastrear transações, para entender se a criptomoeda em questão tem algum histórico ilegal, ou seja, que foi usado em comércio de drogas, hacks, ou qualquer outro uso indevido do dinheiro.

Com isso algumas criptomoedas ficam “marcadas” no mercado, como se pertencessem à uma lista negra, que pode ou impedir a moeda de ser aceita na transação (cabe à própria corretora decidir isso), ou fazer com estas moedas marcadas sejam negociadas no mercado por um valor abaixo do que ela realmente vale. E isso também abre brechas para o contrário acontecer, algumas criptos que são recém minadas podem ser negociadas num valor acima do mercado, por serem consideradas mais “puras”, sem qualquer registro histórico duvidoso.

Essas práticas impactam diretamente na característica da fungibilidade das criptomoedas, pois quebra o princípio de que todas elas, que pertencem ao mesmo código-fonte, tenham o mesmo valor e sejam passíveis de serem permutadas.

O Bitcoin tem fungibilidade?

De maneira bem direta, sim, o Bitcoin possui características que o tornam um bem fungível. Porém, outras características próprias da criptomoeda podem dificultar a força dessa fungibilidade no Bitcoin.

O fato de o Bitcoin possuir um blockchain que é totalmente transparente, ou seja, você consegue visualizar o endereço de quem está vendendo, de quem está comprando, qual o valor do aporte, data e minuto em que ele ocorreu, em certas circunstâncias isso pode exercer o papel de um ponto fraco também.

Isso porque pode acontecer de o endereço da transação ser rastreado, sendo descoberto no histórico da moeda algum uso inadequado por determinado endereço de carteira e a corretora ou intermediadora se recusar a transacionar a moeda, ou ainda marcá-la em alguma lista negra. Ou seja, seria sabido que determinado endereço na blockchain é usado para fins duvidosos, mesmo que não se saiba quem é dono (pessoa física ou jurídica).

Então sim, o Bitcoin é um bem fungível porque, teoricamente, todo bitcoin precisa valer o mesmo valor, com pequenas variações de corretora para corretora. Mas nessas situações, por conta da absoluta transparência de sua blockchain pode ocorrer situações em que ele perca essa propriedade. Na prática, a fungibilidade do Bitcoin pode ser impacta por fatores que o desvaloriza, mesmo que temporariamente.

Privacidade e fungibilidade

A relação entre a privacidade das transações entre criptos e a fungibilidade é delicada. Quando alguma criptomoeda conta com um código-fonte de maior privacidade, o processo de rastrear as moedas para vasculhar seu passado histórico e identificar possíveis usos ilegais torna-se mais desafiador, o que garante que as moedas daquele código tenham maior fungibilidade, já que não vai haver diferenciação entre as moedas. Nenhuma delas valerá menos ou mais que as outras, por conta do seu histórico.

Se você está pensando então que a solução para todos os problemas é trabalhar a questão da privacidade em todas as criptomoedas, saiba que não é tão simples assim. Uma das características mais fortes e importantes do Bitcoin é justamente o fato de seu blockchain ser totalmente transparente, alterar essa propriedade tão marcante da moeda, de forma bruta, pode não ser a melhor saída.

De fato, já estão acontecendo algumas movimentações em torno de uma atualização do Bitcoin que possa reforçar a privacidade das transações sem que interfira tanto nas suas demais características.

A criptomoeda Monero (XRM) é um dos maiores exemplos de moedas de código-fonte aberto que possui uma solução criptográfica com maior nível de privacidade. Mas estamos aos poucos vendo a luta de outras moedas por maior privacidade nas transações.

A Ethereum (ETH) é uma das que estão neste caminho. Seu criador, Vitalik Buterin propôs em 2019 a criação e implementação na moeda de um Mixer, que funcionaria como uma solução de privacidade. E ainda mais recentemente, Buterin sinalizou que a equipe está pensando em incluir a ferramenta de privacidade zk-SNACKs, que já é utilizada na cripto Zcash (ZEC), de forma nativa na rede da Ethereum 2.0, que ainda está em fase de desenvolvimento, com previsão de finalização para o final de 2021.

O Bitcoin também não fica de fora da briga e já está pensando em atualizações para os próximos meses que priorizem a questão da privacidade. Dentre as opções, estão os sistemas Dandelion, que tem como função ocultar o caminho percorrido pela moeda no momento de uma transação, e os upgrades Schnorr/Taproot, que têm como objetivo principal ocultar assinaturas em transações mais complexas, similar ao que ocorre na Monero.

Nunca é demais ressaltar a importância da segurança na questão do investimento em criptomoedas. Por isso é fundamental escolher uma corretora de confiança, séria e que prioriza a segurança máxima de seus usuários.

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Sobre o autor
Luiza Brito
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