Real perdeu 83% de valor em 25 anos; como o bitcoin é beneficiado

Qual a relação da desvalorização de moedas fiduciárias como o real com o preço do bitcoin? Entenda como o Bitcoin pode ser impactado pela desvalorização do real

José Artur Ribeiro
Última atualização:
15/3/2024

Réis, Mil-Réis, Cruzeiro, Cruzeiro Novo, Cruzeiro (novamente), Cruzado, Cruzado Novo, Cruzeiro (3ª tentativa), Cruzeiro Real, Reais. Essa é a trajetória da moeda circulante no Brasil desde os tempos do Império.

A verdade é que o Real (R$) mudou

Poder de compra do real queda em 25 anos
Poder de compra da moeda Real (R$)

Embora a denominação na nota de dinheiro seja a mesma, só é possível comprar hoje 33% da mesma cesta de produtos de quinze anos atrás. Isto se dá por conta da inflação.

O objetivo deste texto não é debater as causas que nos levam a esta perda do poder de compra, apenas constatar que a moeda Real (R$) passa por grandes mudanças a cada década.

O plano Bitcoin

A ideia de Satoshi Nakamoto era vencer pelo cansaço. Os Bancos Centrais ficaram tão viciados em imprimir mais dinheiro, criar estímulos econômicos e baixar a taxa de juros indefinidamente, que o referencial se perdeu: milhões viraram bilhões, que aos poucos se transformaram em trilhões.

Exemplo de moeda - antiga nota do Zimbabwe
Antiga nota do Zimbabwe – fonte: Wikipedia

Se uma moeda não fizer absolutamente nada, ou ao menos emitir numa taxa de inflação equivalente menor do que as demais, com o tempo tomará a liderança em termos de valor.

No caso do Bitcoin, por se tratar de uma completa desconhecida em 2010, além de, naquela época, contar com uma inflação equivalente altíssima, não fazia sentido nascer extremamente valorizada. Isto iria ocorrer com o tempo, naturalmente.

Halving e os trilhões dos EUA

Mesmo que o Brasil não soltasse nenhum pacote de estímulo, sofre com o aumento do número de Dólares em circulação, uma vez que 85% de nossas reservas estão em Títulos da Dívida do Tesouro norte-americano.

Pra piorar a situação, o Brasil anunciou a programas adicionais de empréstimos, redução de compulsório, suspensão temporária do pagamento de dívida dos Estados, além de inúmeras medidas de estímulo econômico, injetando liquidez no mercado.

Enquanto isso, dentro de aproximadamente 46 dias, o Bitcoin irá passar pelo seu 3º ciclo de halving, a redução na taxa de emissão de novas moedas. A política monetária de Satoshi prova-se muito eficiente neste momento de desespero dos Bancos Centrais.

O que esperar para 2020/21?

Enquanto as moedas emitidas pelos governos aumentam ainda mais o total de moedas em circulação, diluindo o atual detentor, o Bitcoin faz o oposto.

O melhor de tudo é que não há nada que possa ser feito para alterar esta regra, pois depende de uma mudança no consenso da rede Bitcoin, que provavelmente só ocorreria em caso de extrema necessidade.

Em linhas gerais, o cenário é muito benigno para o Bitcoin e as criptomoedas. É em tempos de crise que a população deve procurar alternativas viáveis para evitar antigos problemas, como a hiperinflação.

Sobre o autor
José Artur Ribeiro
Um dos fundadores e CEO da Coinext. Economista formado pela Università di Roma (Itália) e investidor em criptomoedas desde 2014. Possui mais de 15 anos de experiência em cargos de liderança. Foi CFO da Hexagon Mining e CFO da Vodafone Brasil. Trabalhou também em multinacionais como Airbus Industries (França) e PricewaterhouseCoopers (Itália e Brasil).
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