Você já deve ter ouvido falar muito de criptografia, seja em aplicativos de conversa ou até em transações, porém sabe como isso funciona? Entenda aqui.
Se você já está minimamente habituado com o mercado de criptomoedas, muito provavelmente você já escutou em algum lugar o termo criptografia. O próprio termo em inglês, "cryptography" (criptografia), muitas vezes é utilizado para se referir diretamente às criptomoedas e aos ativos digitais. Mas afinal, do que isso se trata?
Dá uma olhada nos tópicos do artigo de hoje:
A criptografia é um ramo do conhecimento humano estudado principalmente na matemática e na computação que consiste em analisar e aplicar técnicas para realizar a proteção de uma comunicação.
O estudo da criptografia até o século XIX, quando os princípios por trás da computação moderna começaram a surgir, consistia basicamente na análise e aplicação das técnicas de encriptação e decriptação, também chamados cifragem e decifragem.
Este estudo consistia basicamente em pegar um texto puro e aplicar uma determinada técnica de modo que a informação ali contida só pudesse ser lida por quem detivesse a chave ou método de decriptação.
Estas técnicas são estudadas a milênios, pois a sua aplicação é realmente útil em muitas ocasiões. Suponha que um chefe de Estado deseje se comunicar de maneira privada com um rei de um país distante. Uma maneira para se fazer isso seria enviar uma carta encriptada na qual somente o destinatário sabe a chave para decodificá-la. Desta forma, mesmo que esta carta pare em mãos erradas, dificilmente isso será um problema, a menos que a chave seja descoberta de alguma forma.
Este ramo do conhecimento possui muitas aplicações práticas, especialmente no mundo moderno. O matemático e criptógrafo Alan Turing foi um dos grandes responsáveis pela derrota dos alemães na segunda guerra mundial.
Turing construiu um máquina capaz decriptografar as mensagens enviadas pelo exército nazista de um computador desenvolvido em 1928 chamado ‘Enigma G’, que mensalmente trocava a sua chave de criptografia para dificultar ainda mais uma possível quebra de sigilo. Ficou curioso? Esta história é contada em detalhes no filme O Jogo da Imitação.
Atualmente, a criptografia permeia todos os setores que envolvem computação, redes bancárias, comunicações, redes de computadores, criptomoedas e muitos outros sistemas que são indispensáveis para a vida moderna.
Uma das técnicas de encriptação mais simples que se tem registro é a Cifra de César, que consiste basicamente em substituir todas as letras de uma mensagem pelas letras situadas três casas na frente no alfabeto. Por exemplo, a palavra ‘Oi’, pode ser escrita como ‘Rl’ ao avançar três casas à frente das letras ‘O’ e do ‘i’, ou seja o R e o L, respectivamente.
Esta cifra foi muito utilizada para enganar inimigos do Império Romano, porém ela se tornou inútil quando foi descoberto a forma de se decifrar o conteúdo. Este tipo de cifra é chamado de cifra de chave não variável, e é relativamente muito mais fácil de ser descoberta do que as chamadas cifras de chave variável, cuja chave normalmente consiste em um conjunto de caracteres.
Especificamente, um tipo de criptografia muito importante desenvolvido na década de 80 permitiu a criação do Bitcoin anos mais tarde, trata-se da criptografia de chave pública e chave privada, um dos princípios por trás da tecnologia blockchain. Esta é a chamada criptografia assimétrica, de modo que seja possível converter uma determinada informação em outra, mas não o contrário.
Por exemplo, conhecendo a sua chave privada de Bitcoin, você consegue encontrar a sua chave pública, mas o contrário não pode ser feito. Isso pode ser facilmente observado no site Iancoleman, onde é possível converter qualquer chave privada de Bitcoin em um endereço público, utilizado para receber fundos.
Este é um ponto extremamente importante, pois se isso não fosse possível, ao enviar uma chave pública para se receber um pagamento, qualquer um poderia encontrar sua chave privada, tornando uma rede de pagamentos nessa arquitetura praticamente impossível.
A criptografia se tornou um dos principais pontos de estudo da computação moderna, afinal, ninguém gostaria de ser vigiado enquanto envia textos, informações, arquivos ou realiza um pagamento em uma criptomoeda ao utilizar a internet ou qualquer outra rede de comunicação.
Garantir a segurança e a integridade dos dados, isto é, impedir com que as informações sejam alteradas é um ponto extremamente importante dentro da criptografia. Por exemplo, vamos entender um pouco sobre como os domínios de internet são protegidos com a criptografia.
Um domínio de internet, isto é, a Url, ou o endereço de um determinado site, por exemplo, “www.coinext.com.br” é uma espécie de propriedade digital que informa onde estão localizados os servidores para se ter acesso a este site. Estes registros são mantidos pelos chamados servidores de DNS, que fazem a correlação entre os endereços alfanuméricos e o endereço de IP, uma espécie de endereço para comunicação na internet.
Neste sentido, existe um interesse muito grande que essa associação de Urls e endereços IP permaneçam inalterados, caso contrário, os usuários poderiam ser redirecionados para sites maliciosos.
Para resolver este problema, 7 chaves são guardadas e verificadas periodicamente em uma cerimônia pública organizada pela ONG IANA (Internet Assigned Numbers Authority). Um vazamento ou comprometimento destas chaves poderia causar problemas internet a fora.
Felizmente, soluções de registro de domínio descentralizados, os chamados DDNS, que não necessitam da necessidade de confiança em terceiros, estão começando a surgir nas blockchains.
A primeira moeda criptografada, ou criptomoeda de sucesso, foi o Bitcoin, desenvolvido em 2008 por Satoshi Nakamoto. Uma curiosidade sobre o criador do Bitcoin é que ninguém sabe realmente quem ele é, ou mesmo se é um grupo de pessoas, tudo o que foi divulgado é este pseudônimo. Outros protótipos já chegaram a ser desenvolvidos antes do BTC, mas não ganharam aderência.
Em 2004, Hal Finney, um conhecido cientista da computação, atualmente congelado criogenicamente, e apontados por muito como o possível criador do Bitcoin, desenvolveu o RPOW -Provas de Trabalhos Reutilizáveis-, um protótipo de rede monetária muito semelhante ao BTC.
“O RPOW (Provas de Trabalhos Reutilizáveis) foi uma invenção de Hal Finney com o objetivo de ser um protótipo para um dinheiro digital baseado na teoria de itens colecionáveis de Nick Szabo. O RPOW foi um passo inicial significativo na história do dinheiro digital e foi um precursor do Bitcoin. Embora nunca tenha a intenção de ser mais do que um protótipo, o RPOW era um software muito sofisticado que teria sido capaz de servir a uma grande rede, se tivesse se popularizado. “ - Satoshi Institute.
Uma criptomoeda pode ser definida como uma rede monetária para troca de valores cujo princípio fundamental se baseia na criptografia. Como explicado, um dos princípios base do Bitcoin é a criptografia de chave assimétrica, pois permite que o esquema de endereços públicos e privados funcionem sem problemas.
Além disso, a blockchain, forma na qual o registro de transações e saldos de endereços são armazenados na rede, pode ser definida como uma cadeia de blocos entrelaçados por criptografia. Desta maneira, uma série de técnicas criptográficas combinadas criam a base para o funcionamento do Bitcoin e de outras criptomoedas.