Moeda fiduciária: O que é, tem relação com as criptos?

Termo que vem ganhando destaque ultimamente é a moeda fiduciária, você sabe o que é? Veja como funciona e qual a relação com as criptomoedas.

Redação Coinext
Última atualização:
18/4/2024
Investimentos

As moedas fiduciárias têm um papel fundamental em nossa economia, elas contribuíram para a construção da nossa sociedade como a conhecemos e tornaram possível um modelo de comércio universal. Mas será que este sistema financeiro tradicional ainda é a melhor opção para a nossa sociedade do século 21?  Com a nossa evolução tecnológica a todo vapor e mudando cada vez mais nosso hábitos e costumes, o sistema financeiro-monetário não deveria acompanhar as mudanças também?

Veja o que você vai aprender no artigo de hoje sobre as moedas fiduciárias e qual a relação delas com as criptomoedas.

  • O que é uma moeda fiduciária?
  • Como surgiu esta moeda?
  • Moeda fiduciária e moeda lastreada, quais as diferenças?
  • De onde vem o seu valor?
  • Moeda fiduciária e criptomoedas tem relação?

O que é uma moeda fiduciária?

Moeda fiduciária, também chamada de moeda fiat, é todo título, documento e moeda que não possui lastro em metais valiosos ou que possui valor intrínseco. A principal característica das moedas fiduciárias é que o valor que elas possuem é devido à uma atribuição de valor, de maneira praticamente automática e implícita,  por parte  do governo, da economia e da sociedade em que a moeda está inserida. 

Este valor atribuído à moeda fiat pode ser intensificado de algumas maneiras, como veremos nos tópicos seguintes.

Alguns exemplos do que podem ser moedas fiduciárias:

  • Dinheiro em papel, o principal exemplo (real, dólar, libra, euro, pesos..)
  • Moedas
  • Cheques
  • Nota promissória
  • Títulos de crédito 

Como surgiu esta moeda?

Apesar de termos poucas informações sobre como se deu, de fato, o surgimento da primeira moeda fiduciária, sabemos que sua origem pode estar ligada à China, quando era reinada pela dinastia Song. Estudos dizem que esta dinastia teria sido a primeira do mundo a emitir uma moeda fiduciária de papel, por volta de 960 a 1279.

Também foi registrado que, no lado ocidental, a primeira moeda fiduciária provavelmente surgiu em 1661, idealizada por Johan Palmstruch, um empresário da Estônia que iniciou o uso do papel-moeda na Europa Ociental. Apesar das tentativas, nenhuma delas foi de fato um sucesso.

Já nos Estados Unidos e Canadá, estudos confirmam que as primeiras moedas fiduciárias surgiram no país no início do século 20, quando o dólar perdeu seu lastro ao ouro e passou a possuir valor por meio do consenso da sociedade e da sua alta aceitação.

Moeda fiduciária e moeda lastreada, quais as diferenças? 

Conforme foi explicado acima, as moedas fiduciárias não possuem lastro, inclusive, esta é uma de suas principais características. Para que a moeda seja considerada fiduciária ela não pode ser lastreada a nada, seja metais preciosos ou qualquer tipo de objeto, porque ela não pode, por regra, possuir valor intrínseco. 

A moeda que é lastreada, como seu próprio nome já entrega, possui lastro em alguma coisa, ou seja, o valor da moeda é baseado em algum bem durável. Geralmente essas moedas possuem lastros em metais preciosos, como o ouro e prata. 

Além disso, outra característica forte das moedas lastreadas é que, caso elas estejam em vigor em algum país, o governo não pode simplesmente emitir notas de dinheiro para controlar a economia do país. Todo o dinheiro que o país injeta, precisa ser baseado nos bens que ele possui, ou seja, no material que ele utiliza como lastro. 

Portanto, se o governo decidir que precisa produzir notas de dinheiro, é necessário que ele tenha uma quantidade em ouro, prata, ou qualquer outro material usado no lastro, que seja proporcional à quantidade de dinheiro que será produzido.

De onde vem o seu valor?

Por definição, a moeda fiat não pode possuir um valor intrínseco, mas então, de onde vem o valor dessas moedas?

A falta deste valor intrínseco à moeda é substituída pela atribuição de valor que as pessoas, órgãos governamentais e entidades dão à ela. Sem esta atribuição de valor dada às moedas pela própria sociedade, na prática elas não teriam valor algum. 

Se pararmos para pensar um pouco, quando temos em mãos uma nota de R$100, ou um talão de cheques, na verdade, só estamos segurando um papel. O que garante que aquela nota vale realmente R$100 é o acordo implícito que a sociedade e o governo têm, a confiança da comunidade no órgão emissor da moeda, e a sua adesão pelas pessoas e pelas instituições na utilização dela como um meio de pagamento. 

Esta característica da adesão é fundamental e também se aplica ao criptomercado. Quando o Bitcoin foi criado, em 2009, a moeda praticamente não possuía valor de mercado, pois era muito pouco utilizada, tanto como um investimento quanto como um meio de pagamento. À medida que foi sendo mais aceito pela sociedade, passou a ser utilizado por grandes empresas de meios de pagamentos, e a ser incentivado como uma moeda de troca, o Bitcoin foi adquirindo mais e mais valor. 

A mesma lógica se aplica às moedas fiduciárias, quanto mais pessoas usam e aceitam a moeda como um meio de pagamento, mais forte ela se torna. Não é atoa que atualmente, a maior moeda fiduciária do mundo é o dólar, pois é aceito e utilizado em escala praticamente global e gerida pela maior potência econômica do mundo, o que contribui para deixá-la mais forte e valorizada perante outras moedas.

Um ponto importante a ressaltar é que as moedas fiduciárias podem impor este valor e aceitação da moeda pela sociedade com o apoio do governo, por meio de leis e normas. Os governos dos respectivos países podem impor certas leis que tornam obrigatória a aceitação das moedas como forma de receber pagamentos, além de tornar ilegal a não aceitação delas. 

Isso é um pouco mais difícil de ocorrer com as criptomoedas pois elas não são gerenciadas por nenhum órgão governamental ou instituição, utilizam a metodologia das finanças descentralizadas. É claro que isto não é um impedimento para que futuramente as criptomoedas adquiram incentivo governamental, já existem alguns governantes que criaram normas que facilitam o uso de criptomoedas no país, como o El Salvador, que criou a ‘Lei do Bitcoin'. 

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Moeda Fiduciária e criptomoedas tem relação?

As moedas fiduciárias e as criptomoedas possuem sim uma relação, afinal, as moedas fiat são a base da nossa economia e o valor das criptos é especificado de acordo com as  fiduciárias. Por exemplo, quando queremos saber qual a cotação do Bitcoin, geralmente escolhemos uma moeda fiat para nos basear, seja o real, o dólar, ou qualquer outra. 

Apesar das criptomoedas possuírem características e funcionamento totalmente diferentes das moedas fiduciárias, ainda vivemos boa parte dos nossos hábitos no sistema tradicional de finanças. 

As criptomoedas são moedas exclusivamente digitais, e algumas das principais, como Bitcoin e Ethereum, não são controladas por algum servidor ou entidade central, como os Bancos Centrais controlam as fiduciárias. Elas podem ser utilizadas para meio troca, compra de bens, e é claro, operações de investimento. São pertencentes ao modelo de Finanças Descentralizadas, as DeFi, que através da tecnologia blockchain conseguem descentralizar outros serviços e aplicações financeiras, otimizando e barateando processos.

Uma das principais características é que o valor das criptomoedas é definido, entre outros fatores, pela oferta e demanda do mercado. Existem outras coisas que podem influenciar na definição deste valor das criptos, algumas intrínsecas ao funcionamento da moeda. Mas  o comportamento do mercado é o que vai, de fato, impactar na definição deste valor. 

Neste ponto, não há um acordo entre a sociedade e o governo que estabelece este valor, como é o caso das moedas fiat. Porém, uma semelhança entre os dois modelos de moedas é que, conforme foi explicado no tópico anterior, as criptomoedas também precisam de adesão da sociedade para ganharem cada vez mais valor, e isso irá impactar na oferta e demanda pela cripto. 

Um ponto importante também para ressaltarmos na relação entre moedas fiduciárias e criptomoedas é que existem as stablecoins. Stablecoins são criptomoedas que possuem lastro em alguma moeda fiat, como o Tether (USDT), USD Coin (USDC) e a Paxos Standard (PAX), todas elas lastreadas ao dólar. Isso significa que o valor de mercado dessas moedas sempre será o valor do dólar.

Além disso, a Ripple (XRP) oferece soluções de pagamento para instituições financeiras, como o RippleNet e o On-Demand Liquidity (ODL). O ODL utiliza o XRP como um meio de transferência de valor entre moedas fiduciárias, facilitando pagamentos transfronteiriços rápidos e eficientes. Assim, embora não seja uma moeda fiduciária em si, o XRP é usado como ponte entre diferentes moedas tradicionais.

E por fim, a principal diferença entre os dois modelos de moeda é realmente o fato de que as moedas fiat são parte de um modelo de finanças 100% centralizado. O usuário tem pouco ou nenhum controle sobre o seu dinheiro, e depende sempre de órgãos intermediários para realizar qualquer tipo de transação, das mais simples, como ir ao supermercado, às mais complexas, como realizar um câmbio de moedas ou um empréstimo.

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