O PIX é o novo sistema de pagamentos instantâneos do Brasil. Com ele, traders de criptomoedas poderão fazer saques e depósitos instantâneos de corretoras.
Para quem acompanha mais de perto o mercado financeiro no Brasil, o PIX não é exatamente um assunto novo. Desde quando foi lançado o primeiro Relatório de Vigilância do Sistema de Pagamentos Brasileiro, em 2013, o Banco Central tenta implementar e incentivar ações que possibilitem o aumento de competitividade no setor financeiro e de pagamentos no país. Um dos focos da atuação do BC desde então era o desenvolvimento de uma modalidade de pagamentos, com acesso mais amplo da população, que também possibilitasse a realização de pagamentos instantâneos.
Em 2018 foi dado o primeiro passo para isso. Mas antes vamos a um contexto rápido.
Ainda que o Brasil conte com grandes instituições financeiras que obtiverem lucro recorde em 2019, por exemplo, pelo menos 45 milhões de brasileiros eram desbancarizados em 2019. Estima-se que essas pessoas que não usam instituições bancárias movimentam R$817 bilhões por ano. Portanto, uma solução mais acessível poderia, dentre outras coisas, tornar mais democrático o acesso a serviços financeiros e aumentar a arrecadação para serviços públicos.
Mas o acesso limitado da população a serviços bancários e financeiros é só parte do problema. Os cinco maiores bancos do Brasil concentraram em 2019, por exemplo, 83,4% dos depósitos realizados no país. Ou seja, esses bancos têm consigo uma imensa parte do nosso dinheiro.
Essa concentração gera falta de competitividade e, por consequência, um grande problema: ficamos sujeitos a taxas e ofertas de serviços abusivas. Para ficar em um exemplo simples, cada brasileiro gastou R$159,38 apenas com tarifas de TED e DOC em 2019. Se formos considerar todas as cobranças de tarifas bancárias, esse valor chega a R$900 (por pessoa, para majoritariamente cinco bancos!). Alguma dúvida de que aumentar a concorrência será bom para o nosso bolso?
Nos últimos anos você deve ter percebido a enorme quantidade de ofertas de maquininhas de cartão em propagandas na TV e internet. A alta competitividade do setor, que permitiu a entrada de inúmeros novos players, acontece desde 2009, ano em que o governo quebrou o monopólio do setor. O PIX é mais um passo rumo à maior concorrência. Dentre os objetivos e vantagens do PIX estão:
Atualmente o mercado bancário trabalha principalmente com transferências via TED ou DOC. Corretoras de criptomoedas, por exemplo, funcionam com base nesse serviço. Na prática, o PIX tem potencial para substituir completamente essas outras modalidades. Vale observar as características de cada uma:
Na Coinext, nós creditamos seus DOCs ou TEDs em até 10 minutos após chegarem em nossa conta bancária. Como a modalidade TED é enviada pelo seu banco no mesmo dia (ou em alguns minutos), recomendamos usá-la quando quiser adicionar saldo rapidamente para comprar criptomoedas enquanto não usa o PIX.
O rádio não acabou com jornal, a televisão não acabou com o rádio, o streaming não acabou com a TV. Os tipos de mídia se complementam, mas não acabam com o anterior como se especulava. Mas será que a mesma lógica se aplica ao PIX e às modalidades de pagamento prévias a ele? Talvez os bancos sonhem que sim, mas a verdade é que essas modalidades antigas estão em xeque com o lançamento do novo sistema.
Ao contrário dos tipos de mídia que citamos, que têm características bem diferentes e podem ser consumidas paralelamente, as modalidades de transferência tem o objetivo de resolver um problema: transferir valores de uma parte para outra. O PIX chega não só resolvendo isso, mas também os problemas encontrados em TEDs, DOCs e boletos.
A expectativa é que o PIX passe a ser a modalidade mais usada e que, por mais que o fim das outras não se dê rapidamente, ele vai acabar acontecendo no médio ou longo prazo. No caso de compras por boleto, por exemplo, seria necessário simplesmente substituí-las pelo pagamento via QR Code no site de compras: pagamento à vista, como no boleto, mas com reconhecimento instantâneo. Vale destacar ainda que o boleto tem custo de geração que pode chegar a R$5, dependendo do banco.
É tão simples quanto parece: um lado pagador e outro recebedor. Essas duas partes se comunicam (enviam e recebem) via um identificador (que pode ser CPF, email ou até número de telefone) e transferem os valores instantaneamente entre si. Assim, as transações com o PIX são mais simples de serem feitas e compreendidas.
Podem ser realizados todo o tipo de pagamento via PIX:
As transações utilizando o PIX tendem a ter mais segurança porque são centralizadas na rede do Sistema Financeiro Nacional. Além disso, o novo sistema utiliza novos meios de segurança digital para autenticação de transações. Apesar disso, o Banco Central não padronizou regras de segurança de ponta a ponta. Uma vez que há intermediários, a responsabilidade por mecanismos adicionais antifraude e de segurança é das instituições que utilização a tecnologia.
Bancos e instituições de pagamento poderão definir caso queiram, por exemplo, limites de valores por operação e o número de operações diárias. Além disso, é importante notar que nenhum sistema resolve por si só problemas de erros cometidos por clientes ou envios para endereços errados. Não há garantia do Bacen, por exemplo, a reversão de transações erradas, ficando a critérios dos intermediários envolvidos.
Diferente da blockchain de criptomoedas como o Bitcoin, em que os endereços de carteiras não anônimos e envios por engano não podem ser revertidos, no caso do PIX os intermediários, como bancos, poderão ter controle dos envios segundo seus próprios critérios.
A tecnologia do PIX viabiliza maior competição também por ser mais acessível para empresas que desejem criar soluções plugadas no sistema. Na prática, existem dois modelos de serviço (ou modalidades de serviço, nas palavras do Bacen) que podem ser explorados pelas empresas:
Na prática, junto com a transferência de valores, poderão ser incluídos outros metadados relacionados àquela transação, para facilitar a conciliação de pagamentos, por exemplo. O Bacen aposta até que essa “funcionalidade” pode gerar novos modelos de negócio.
Essa é uma vantagem para o governo e para a economia formal do Brasil. Com o PIX, espera-se que mais transações deixem de ser feitas feitas com dinheiro em espécie. Isso pode tanto aumentar a arrecadação quanto fomentar a economia formal do Brasil, já que permite o rastreamento de transações de ponta a ponta. Como dissemos no começo deste artigo, mais de R$817 bilhões são movimentados pelas pessoas desbancarizadas.
Introduzimos este artigo comentando que, para muitas pessoas que acompanham o mercado financeiro, o PIX não é exatamente uma novidade. Isso porque após 2013, o Banco Central já vinha trabalhando na ideia de melhorar o sistema de pagamentos brasileiro. Cinco anos depois, foi dado o primeiro passo mais concreto rumo à criação de um novo sistema, que mais tarde se nomearia PIX.
Curiosidade: apesar das diferenças negativas em relação ao sistema bancário de outros países, como spread alto e muita concentração, o sistema bancário brasileiro já era um dos mais digitalizados e integrados do mundo. Segundo Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária, os bancos aqui são os que mais realizam investimentos em tecnologias entre os países emergentes, com exceção da China.
Em 2018, o Banco Central iniciou o planejamento do sistema com um grupo de trabalho específico, que segundo a própria página do banco contou “com participação do BC e de agentes do mercado, denominado GT Pagamentos Instantâneos. O GT encerrou seus trabalhos no dia 21 de dezembro de 2018, com a divulgação do Comunicado nº 32.927 e do documento com os requisitos fundamentais para o ecossistema de pagamentos instantâneos brasileiro.”
Encerrada essa primeira etapa, o Banco Central manteve um fórum de discussões com aproximadamente 220 instituições participantes. Depois disso, dois novos marcos para a criação do sistema aconteceram: um em agosto de 2019 e outro em dezembro de 2019, em que foram atualizados os requisitos para o sistema e a disponibilização do ambiente de homologação e critérios finais para as instituições que desejarem participar, respectivamente. Nessa etapa final, já ficava claro como o PIX funcionaria e as instituições interessadas já puderam se preparar para o lançamento da solução, até então prevista para o segundo semestre de 2020, mas sem data estabelecida.
Muito se especulou que o PIX traria como tecnologia principal para o seu funcionamento aquela já consagrada com o Bitcoin e outras criptomoedas: a blockchain. Apesar de afinidades entre tecnologias usadas pelo Bacen no desenvolvimento do PIX, não foi dessa vez que vimos o sistema de pagamentos brasileiro concentrado apenas numa rede independente usando blockchain.
O modelo do sistema foi desenhado para contemplar intermediários, como bancos e outras instituições financeiras. Afinal, uma mudança drástica no sentido oposto traria impactos incalculáveis ao ecossistema de empresas que têm seus modelos de negócio desenhados nessa lógica de intermediação e controle do governo. No entanto, o sistema do PIX tem um “cheirinho” das tecnologias de criptomoedas, como criptografia e chaves privadas (ainda que não percebamos isso ao usar o sistema).
Na prática, o Banco Central e a empresa que fornece a maior parte da tecnologia para o sistema explicam como funciona internamente da seguinte maneira:
A verdade é que não existem grandes inovações de nível tecnológico no sistema, mas sim na forma como ele foi desenhado e concebido para funcionar de forma integrada usando tecnologias já existentes (que eram inclusive utilizadas anteriormente em sistemas bancários).
Segundo o Banco Central, no dia 16 de novembro quando estará em funcionamento, será possível pagar e receber via PIX de quatro maneiras: chave PIX, QR Code, dados bancários ou tecnologia de aproximação por NFC (Near Field Communication).
Na prática, o novo sistema funcionará em conjunto com contas bancárias e/ou de pagamentos já existentes, dependendo apenas que a instituição financeira que você já utiliza integre com o PIX e te dê essa nova opção de transações.
Após sua instituição integrar sua conta com o PIX, você poderá cadastrar uma chave para ser o identificador principal da sua conta. Uma analogia possível é com seu endereço de carteira para receber criptomoedas: um código único só seu. No entanto, esse código no caso do PIX pode ser simplesmente seu CPF ou CNPJ, endereço de email, telefone ou outro identificador dentre os permitidos.
Se você tiver várias contas integradas ao PIX, você deverá definir uma chave para cada uma. Ou seja, se a chave da sua conta no Banco X for seu CPF, a conta do Banco Y deve ser com outra chave (email, telefone, etc.). Em outras palavras, se você cadastrou o CPF como chave em um determinado banco, ele só pode ser usado como chave naquele banco.
Vale ressaltar que o cadastro de pessoas físicas ou jurídicas acontece da mesma maneira, com possíveis mudanças pontuais entre as instituições, bastando ter uma conta transacional (corrente, poupança, de pagamentos).
Quem não sabia do PIX antes de ser oficialmente lançado, com certeza já ouviu sobre ele recentemente. Desde o dia 5 de outubro (data de início do pré-cadastro), vários bancos estão investindo pesado em propagandas em diversas mídias convidando os clientes para se cadastrarem. Isso porque, ainda que todos façam a adesão ao sistema, há uma corrida para que se consolidem na mente e no dia a dia dos clientes como sua conta principal para pagamentos instantâneos.
Assim, essas instituições estão em uma verdadeira guerra de marketing para que seus clientes priorizem suas contas nessas instituições ao usarem o PIX. Se antes os novos bancos digitais, como Nubank e Inter, tinha como carta na manga as “taxas zero” para transferências, por exemplo, com o novo sistema de pagamentos brasileiro esse deixa de ser um diferencial.
Além disso, o investimento massivo desses bancos tem a ver também com o cadastro de chaves. Já que uma chave identificadora só pode ser usada uma vez, os bancos tentam que seus clientes usem como sua “chave preferida” a que eles cadastrem primeiro.
No caso de transações via QR do PIX, o usuário ou o estabelecimento que receberá o valor apresentará um QR Code, que poderá ser lido pelo smartphone de quem realizará o pagamento. É só ler o código, que pode ser dinâmico ou estático, e em um clique confirmar o envio.
Da mesma forma como TEDs e DOCs são realizados, poderá se fazer uma transferência PIX. Basta informar os dados bancários como conta, agência e titularidade.
Muitos bancos já emitem 100% dos seus cartões com tecnologia de aproximação. Chamada de NFC (Near Field Communication), ela também já está embutida em celulares e maquininhas de diversas redes. A expectativa é que essas empresas adaptem seus sistemas para estarem integrados com o PIX e possam fazer transferências instantâneas da mesma forma que a função débito por aproximação.
Enquanto pessoas físicas não terão custo para usar a modalidade de transferências via PIX, existe cobrança de taxas para a pessoa jurídica. Ainda assim, esse custo é menor do que há pelos meios de pagamento atuais.
No cenário sem PIX, em uma venda feita por débito, por exemplo, um comerciante é cobrado por um percentual da transação, composto por três tarifas: a de intercâmbio, que fica com o banco, a de bandeira, que vai para a bandeira do cartão, como Visa e MasterCad, e uma terceira, que fica com a própria empresa que emite a maquininha. Ou seja, a cobrança reflete os vários intermediários, dos quais o PIX não necessariamente precisa para funcionar.
Em uma venda feita via PIX com QR Code, por exemplo, o consumidor pode pagar com o celular (ou seja, sem a maquininha) e a operação é processada pelo Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI), gerido e operado pelo Banco Central. Por isso o custo é menor.
Para especialistas ouvidos por diversos canais de mídia, as chances de os custos das transações ficarem mais baixos são altas. As empresas que atualmente dependem de intermediários para fazer as transações, como as adquirentes, donas das maquininhas de cartões, e as bandeiras de cartão, como Visa e MasterCard, que intermedeiam as operações, podem “furar” essas empresas e receber com menos intervenção delas.
Espera-se, por exemplo, que como já acontece com os descontos dados no boleto para pagamento à vista, os comerciantes ou outras empresas deem descontos diferenciados para pagamento via PIX. No limite, o estabelecimento não precisará mais da maquininha, porque todos os pagamentos poderão ser pagos via QR Code ou transferência.
Ao contrário do blockchain, que é descentralizado, o PIX centraliza suas operações num sistema gerenciado pelo Banco Central utilizando outras tecnologias. Mas apesar de não ter relação com criptomoedas, o novo sistema vai ajudar (e muito!) os investidores no Brasil.
Isso porque, como sabemos, o mercado de criptomoedas funciona 24/7. Ou seja, não há uma pausa das negociações como no mercado tradicional. Enquanto ações podem ser negociadas apenas enquanto durar o funcionamento da respectiva bolsa onde estiverem listadas - período chamado de pregão - com Bitcoin e outras criptomoedas os investidores devem sempre ficar ligados nas movimentações do mercado global.
Acontece que, devido às limitações do sistema bancário brasileiro, depósitos via TED para contas das corretoras próximo às 17h ou após esse horário são concluídos apenas no dia útil seguinte. Ou seja, o fim do horário bancário limita os investidores a fazerem novos depósitos em reais para comprar criptomoedas caso o mercado indique oportunidade nesse sentido. E o mesmo acontece nos fins de semana e feriados. Nada bom para um mercado altamente volátil em que cada minuto faz diferença, certo?
Com o PIX, esse problema vai acabar. Ao trazer funcionamento 24/7, o novo sistema de pagamentos brasileiro possibilitará aos investidores de cripto aportes em tempo real para novas compras. Então, aquele planejamento de manter um saldo em conta para se preparar para variações de preço em feriados e fins de semana não mais precisarão acontecer.
Sem falar que algumas instituições podem demorar até algumas horas para concluir mesmo TEDs, que é a modalidade atual mais rápida. Ou seja, mesmo que na Coinext creditemos o valor em até 10 minutos após chegarem em nossa conta, ainda há algum risco de demora na conclusão da transação.
Mesmo que alguns bancos até aceitem transferências em fins de semana se for entre contas da mesma instituição, há a limitação da atuação de traders para operarem usando suas instituições favoritas.
Ainda que o PIX não tenha a ver com criptomoedas diretamente, ele pode ser o primeiro passo para uma moeda digital brasileira. Pelo menos foi o que disse o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Para ele, “o PIX é um pilar fundamental” nessa direção.
Para Campos Neto, o futuro do sistema financeiro é digital: “A gente imagina que o sistema financeiro no mundo é [no futuro] quase todo digital. E culminando com o que a gente chama de moeda digital, que a gente vê lá na frente”.
Ao contrário de outros presidentes do Bacen e economistas brasileiros que parecem não entender ou recusam as criptomoedas como um ativo financeiro importante e cada vez mais relevante para o futuro, Roberto Campos Neto indica compreensão sobre o tema ao comentar sobre Bitcoin: “as pessoas tinham demanda por um meio de pagamento barato, rápido, seguro, transparente e aberto”.
O PIX tem seu funcionamento inicial marcado para o dia 16 de novembro deste ano. A partir desta data, você já vai conseguir fazer depósitos e saques instantâneos para sua conta Coinext. Além de poder utilizar os dados bancários da nossa conta corrente (disponíveis dentro da plataforma) para fazer seu PIX, também disponibilizaremos nossa chave para que as transferências sejam ainda mais simples. Fique de olho em nossos canais oficiais!