Análise Semanal do Bitcoin: o que afeta o preço das criptomoedas hoje

O que está por trás dos movimentos do Bitcoin? Veja a análise semanal com foco técnico e macroeconômico, incluindo altcoins, ETFs e dados que movem o mercado.

Taiamã Demaman
Última atualização:
17/12/2025
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Este artigo é atualizado semanalmente às quartas-feiras para trazer a análise técnica do Bitcoin e do mercado de criptomoedas. Você sempre verá:

  • Visão geral do mercado
  • Resumo macroeconômico com indicadores, com destaque para a economia dos EUA
  • Calendário macroeconômico, com os fatos que impactam os preços
  • Resumo do mercado cripto com destaques
  • Análise técnica do Bitcoin, Ethereum ou outras criptos em destaque.
  • Principais indicadores do mercado cripto (incluindo medo e ganância, dados on-chain, dominância do BTC, indicador de alteseason, entre outros).
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Visão geral do mercado

A semana passada começou com otimismo nos mercados tradicionais, impulsionado pelo novo corte de 25 pontos-base na taxa básica de juros dos EUA, anunciado na reunião de dezembro do Federal Reserve. No entanto, os criptoativos não reagiram com a mesma empolgação, sugerindo uma possível divergência momentânea entre os mercados ou, talvez, um sinal de que os ativos digitais estão antecipando um movimento de maior cautela e busca por segurança.

As declarações do presidente do FED, Jerome Powell, reforçaram essa leitura mais conservadora. Segundo ele, novos cortes de juros só ocorrerão com a combinação de uma inflação persistentemente próxima da meta de 2% e sinais mais claros de enfraquecimento no mercado de trabalho.

De acordo com o monitoramento do FedWatch, a probabilidade de um novo corte já na reunião de janeiro é de apenas 24,4%. Isso indica que o cenário mais provável para o início de 2026 é de manutenção das taxas em patamar elevado, ao menos durante o primeiro semestre.

No cenário internacional, o foco esta semana se volta para o Japão. O Banco do Japão (BoJ) pode anunciar sua primeira alta de juros em anos, elevando a taxa básica de 0,5% para 0,75%, o nível mais alto em três décadas. A decisão, prevista para esta sexta-feira (19), pode ter efeitos relevantes nos mercados globais.

Após décadas de política monetária ultraexpansionista, com juros negativos, o BoJ sinaliza um movimento de normalização. A motivação principal é o controle da inflação persistente, impulsionada por aumento salarial e pela fraqueza do iene frente a outras moedas.

O principal risco associado a esse movimento é o "desmonte" das chamadas operações de carry trade,  estratégia na qual investidores tomam empréstimos em ienes, aproveitando os juros baixos, para aplicar em ativos de maior rendimento no exterior. Com o aumento da taxa japonesa, o iene tende a se valorizar, pressionando esses investidores a encerrar suas posições, o que pode gerar liquidações em massa em diversos mercados, incluindo ações e criptomoedas.

Diante disso, os mercados globais devem observar com atenção o posicionamento do BoJ, já que o impacto dessa mudança monetária pode se estender para além da Ásia e influenciar a dinâmica de risco em escala global.

Medo e Ganância

Mesmo com o índice nas máximas, sinais como volume fraco, baixo apetite por risco e ausência de novas máximas no índice NYSE indicam cautela nos bastidores. Ainda assim, o índice Fear & Greed saltou de 22 para 51, refletindo uma melhora expressiva no sentimento de mercado, impulsionada principalmente pela retomada de otimismo no mercado de opções, onde cresce a exposição dos investidores à tendência de alta.

Macrocalendário

A semana será marcada por uma intensa agenda de indicadores econômicos, com destaque para dados cruciais do setor de construção e do mercado de trabalho nos EUA. Na terça-feira (16), o Bureau of Labor Statistics (BLS) divulgará uma série de indicadores que estavam represados desde o shutdown do governo, cobrindo os meses de setembro a novembro. Esses dados incluem Payroll, desemprego, licenças e início de construção de moradias, todos com potencial de impactar as expectativas para a política monetária em 2026.

Além dos EUA, o foco global se volta para o Japão. Na sexta-feira (19), o Banco do Japão (BoJ) poderá anunciar a primeira alta na taxa de juros em décadas, elevando-a de 0,5% para 0,75%. Caso se confirme, será o maior nível em mais de 30 anos, marcando o fim da era de juros negativos no país. Esse movimento pode gerar efeitos importantes nos mercados globais, especialmente por conta do risco de unwinding de carry trades, operações que usam ienes como funding barato para investir em ativos de maior rendimento no exterior. Com a valorização do iene, esses fluxos podem ser revertidos rapidamente, pressionando ações e criptomoedas.

Agenda da semana

Terça-feira (16/dez):
• EUA – Payroll (set-nov), Desemprego (nov), Vendas no Varejo (out), Construção civil (set-nov);
• Alemanha e Reino Unido – PMI Industrial, Taxa de Desemprego.

Quarta-feira (17/dez):
• EUA – Vendas no Varejo (nov);
• Alemanha – Índice Ifo (dez);
• Reino Unido – Inflação (nov).

Quinta-feira (18/dez):
• EUA – Inflação (nov, anual e mensal);
• Europa – Decisão do BCE e coletiva;
• Reino Unido – Decisão do BoE.

Sexta-feira (19/dez):
• Japão – Decisão da Taxa de Juros do BoJ;
• EUA – Vendas de Casas Existentes (nov);
• Alemanha e Holanda – Confiança do consumidor e vendas no varejo.

S&P500

O índice S&P500 permanece próximo das máximas históricas, mas vem registrando um rompimento da tendência de alta no gráfico diário em 6.882 pontos, pressionando a estrutura de preço de curto prazo. 

Esse movimento faz com que o índice ajuste suportes importantes, com o nível de 6.750 pontos ganhando destaque à medida que novos dados macroeconômicos são divulgados ao longo desta semana.

A terça-feira promete ter forte impacto no mercado doméstico americano, com a divulgação de dados ajustados de desemprego e informações importantes sobre o setor de construção, indicadores que podem influenciar fortemente a composição das expectativas de juros e sentimento de risco.

Cenário otimista

Fechamento acima de 6.875: abre espaço para retomada de máximas e possibilidade de buscar 7.000 pontos ou mais.

Cenário moderado

Movimento lateral entre 6.751 e 6.629: consolidação sem tendência definida no curto prazo.

Cenário moderado‑baixista

Fechamento entre 6.750 e 6.573: pode levar a recuos técnicos adicionais, com próximos suportes em torno de 6.390 pontos.

No mercado cripto

O mercado cripto voltou a sentir os efeitos da rejeição semanal do Bitcoin, em um movimento que combinou pressão técnica e deterioração do fluxo. Apesar de os ETFs terem encerrado a semana com entradas líquidas de US$286,6 milhões, a forte saída de US$ 357,6 milhões registrada na segunda-feira, em sintonia com a correção dos mercados tradicionais, levou o saldo de dezembro para US$158,7 milhões negativos.

Mesmo operando com volume reduzido, o mercado futuro teve papel decisivo ao acompanhar e acelerar o recuo do Bitcoin. A liquidação de aproximadamente US$500 milhões em posições compradas intensificou a correção e reforçou o viés defensivo no curto prazo. Como consequência, a capitalização total do mercado cripto recuou de US$3,2 trilhões para US$2,87 trilhões, entrando em uma zona técnica sensível, situada entre o suporte mensal e a resistência semanal.

Análise Técnica do Bitcoin

Após rejeitar a resistência local e romper a linha de tendência de alta no gráfico diário, o Bitcoin aprofundou a correção nesta segunda-feira, recuando até a região dos US$85 mil e provocando a liquidação de mais de US$ 500 milhões em posições compradas. A dificuldade do ativo em superar a faixa dos US$91,7 mil ao longo da última semana coloca em dúvida a força necessária para o início de um novo ciclo de altas no curto prazo.

Com a perda desse nível, o suporte em US$85,4 mil conseguiu conter a primeira perna da retração, abrindo espaço para uma possível tentativa de retomada em direção às resistências. No entanto, caso o BTC não consiga recuperar e sustentar preços acima dos US$89 mil, o risco de uma correção mais profunda aumenta, com potencial de teste da região entre US$74 mil e US$76 mil até o fim do ano.

No cenário otimista, a retomada do controle comprador recoloca no radar os alvos de US$97,5 mil e US$102 mil. Já sinais mais consistentes de reversão estrutural só ganham força com candles semanais acima da faixa dos US$115 mil, nível que ativaria gatilhos de continuação de tendência no médio prazo.

Análise de Risco: Dominância e  Altcoins

A dominância do Bitcoin permanece abaixo de seu principal ponto de controle, localizado em 59,56%, mas segue demonstrando resiliência enquanto o BTC tenta romper as resistências de preço. No momento, a dinâmica da dominância não acompanha plenamente a inflexão observada no preço, indicando uma possível divergência. Caso o Bitcoin confirme um fechamento semanal acima da região dos US$ 91,7 mil, a dominância tende a retomar sua trajetória de alta, reforçando o viés de concentração de fluxo no BTC no curto prazo.

Indicador de Altseason

O indicador de Altseason segue lateralizado entre 33 e 43 pontos pelo terceiro mês consecutivo, comportamento que pode ser interpretado como um processo de busca de fundo. No entanto, a confirmação de um pivô de alta depende diretamente de um fechamento semanal do Bitcoin acima da principal resistência local. 

Para o mercado de altcoins, já é possível identificar oportunidades pontuais em alguns protocolos e projetos específicos, mas a sustentação de um movimento mais amplo exige melhora na estrutura do BTC. Sem um fechamento acima dos US$ 91,7 mil no semanal, eventuais altas tendem a se limitar a repiques técnicos, mantendo o cenário de fragilidade para as altcoins.

Análise Técnica do Ethereum

O Ethereum voltou a rejeitar a faixa entre US$3,5 mil e US$3,3 mil, sua principal resistência no curto prazo, e com isso retornou ao teste do suporte horizontal em US$2,8 mil. O movimento reforça a dificuldade do ativo em sustentar avanços acima das resistências superiores e recoloca o preço em um ponto técnico decisivo.

Neste momento, o ETH enfrenta um novo ultimato técnico. A manutenção da região de suporte é fundamental para viabilizar o rompimento do triângulo de acumulação ainda até janeiro, o que abriria espaço para alvos entre US$3,9 mil e US$4,1 mil Caso essa faixa não seja defendida, o cenário passa a favorecer uma correção mais acentuada.

A retomada de força mais consistente do Ethereum tende a ocorrer em conjunto com uma recuperação estrutural do Bitcoin. Um movimento do BTC acima da faixa entre US$97 mil e US$102 mil ao longo de dezembro seria um gatilho importante para reforçar o viés positivo do Ether.

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Autor
Taiamã Demaman
Economista especializado em Web 3.0, é Líder de Pesquisa na Coinext.
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