Análise Semanal do Bitcoin: o que afeta o preço das criptomoedas hoje

Trégua tarifária e sinal do Fed animam mercados; BTC testa US$ 93K, ETH segue instável e Helium Mobile lidera entre altcoins.

Taiamã Demaman
Última atualização:
28/3/2025
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A guerra tarifária dá sinais de arrefecimento, abrindo espaço para a adoção de tarifas recíprocas e trazendo alívio aos mercados cripto e tradicional. Com isso, o S&P 500 inicia a semana em alta, testando a resistência em 5.781 pontos. Para manter a recuperação, o índice precisa superar essa marca e avançar em direção à faixa entre 6.000 e 6.290 pontos. Os suportes seguem firmes entre 5.500 e 5.361 pontos.

No mercado cripto, o Bitcoin se mantém sólido após ultrapassar US$87.239 e fechar a semana acima de US$ 85.962, abrindo espaço para um possível reteste entre US$90 mil e US$93,77 mil. A tendência de alta no gráfico mensal continua válida, desde que o ativo permaneça acima de US$76.469 — uma quebra desse suporte comprometeria a estrutura de alta. Atenção extra ao mercado de derivativos: o maior vencimento de opções do ano, somando US$12,21 bilhões, ocorre hoje e pode trazer volatilidade adicional.

O Ethereum (ETH) ensaia recuperação, mas ainda exibe tendência de baixa no mensal. Para confirmar uma reversão mais consistente, o ativo precisa romper a resistência em US$2.161. Enquanto isso, o suporte em US$1.975 segue como ponto-chave. Se perdido, pode levar o preço até US$1.730. O Indicador de Altseason, atualmente em torno de 27 pontos, sugere que altcoins de maior capitalização podem apresentar oportunidades no curto prazo.

Resumo macroeconômico

Confira os principais movimentos que moldaram os mercados:

Fed mantém juros, mas sinaliza fim do aperto monetário

Na segunda reunião de 2025, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) confirmou a manutenção da taxa básica de juros dos Estados Unidos entre 4,25% e 4,50%, em linha com as expectativas do mercado. O tom do comunicado reforçou a postura cautelosa do Federal Reserve, que busca equilibrar os riscos inflacionários com os primeiros sinais de desaceleração da atividade econômica.

A inflação segue como foco de atenção. O Fed revisou para cima suas projeções para o PCE, seu índice de inflação preferido:

  • 2025: de 2,5% para 2,8%, refletindo os efeitos das tarifas comerciais e mudanças no consumo;
  • 2026: queda para 2,2%, com convergência à meta de 2,0% apenas em 2027.

Já a projeção de crescimento do PIB foi revisada de 2,1% para 1,7%, indicando um ambiente mais desafiador à frente.

Fed ajusta redução do balanço patrimonial

O Fed anunciou que, a partir de abril, vai reduzir o limite de resgates mensais de Treasuries, mantendo inalterados os resgates de títulos hipotecários (MBS). A medida busca manter a liquidez no mercado de dívida pública e evitar distorções na curva de juros.

Guerra tarifária: Trump muda tom e propõe modelo de reciprocidade

No próximo dia 2 de abril, a Casa Branca deve anunciar, os próximos passos da política comercial dos EUA. A proposta é que as tarifas amplas sejam substituídas por uma abordagem focada e recíproca, com tarifas ajustadas tanto por setor, quanto por país. 

Setores como automóveis, semicondutores, farmacêuticos e madeira estavam entre os mais visitados no plano anterior. No entanto, a pressão sobre a popularidade do presidente, bem como os impactos geopolíticos disso levaram a uma mudança de rumo.

Fonte: Skidmore, de Peoria, AZ, Estados Unidos/Wikimedia Commons

Macrocalendário

A semana será marcada por três discursos de dirigentes do Federal Reserve, sobretudo a fala de Raphael Bostic, presidente do FED Atlanta na sexta-feira (28/03), que pode oferecer pistas sobre a condução da política monetária norte-americana. 

Diversos indicadores relevantes terão atenção especial, com destaque para o Núcleo do Índice de Preços do PCE, bem como a renda e os gastos pessoais, que serão divulgados na sexta, e serão fundamentais para calibrar as expectativas em torno dos dados da inflação. 

Na Europa, a agenda tem como destaque, os índices industriais da Alemanha, a confiança do consumidor, que ajudarão na construção do panorama da economia na dona do Euro. Confira a agenda da semana completa: 

Alemanha (DE)

  • Seg, 24/03: PMI Industrial HCOB (preliminar – março);
  • Ter, 25/03: Clima de Negócios IFO (março);
  • Sex, 28/03: Confiança do Consumidor GfK (abril);
  • Seg, 31/03: IPC (Índice de Preços ao Consumidor – preliminar, anual – março).

Estados Unidos (US)

  • Qua, 26/03: Encomendas de Bens Duráveis (mensal – fevereiro);
  • Qui, 27/03: PIB (trimestral, final – 4º trimestre)
  • Sex, 28/03: Núcleo do PCE (mensal – fevereiro); Renda Pessoal (mensal – fevereiro); Gastos Pessoais (mensal – feverei

China (CN)

  • Dom, 30/03: PMI Industrial NBS (março);
  • Seg, 31/03: PMI Industrial Caixin (março).

S&P 500 inicia semana em alta

O S&P 500 abriu essa semana em alta, impulsionado pelo otimismo em torno da desaceleração na guerra tarifária, que aliviou parte das tensões nos mercados globais. 

O índice testa a resistência em 5.781 pontos, sinalizando uma possível recuperação de curto prazo. Essa movimentação do principal índice de Wall Street lembra o comportamento recente do Bitcoin, que antecipou sua retomada e manteve suportes relevantes. Assim como no criptoativo, o S&P preserva suas estruturas de alta nos gráficos mensal e anual. Com isso se apresentam dois cenários:

  • Cenário otimista: a confirmação de uma tendência mais forte eexige a quebra da resistência em 5.781, o que abre caminho para alvos na faixa entre 6.000 e 6.290 pontos ao longo do segundo trimestre.
  • Principais suportes: por outro lado, os suportes do índice se encontram em 5.500, 5.439 e 5.361 pontos, este último, considerado o suporte de maior relevância para manter o viés de alta. 

No mercado cripto

O mercado cripto atravessa um momento de recuperação, aproximando-se de uma decisão técnica importante com o fechamento do mês de março. Os indicadores técnicos mensais deverão oferecer maior clareza sobre as direções e gatilhos para o mês de abril. 

Os indicadores on-chain seguem alinhados aos indicadores de sentimento. Especuladores e novos entrantes, especialmente os que ingressaram com o BTC testando a região dos US$100 mil, mostram incerteza em relação os seus investimentos. 

Apesar dessa cautela, a leitura conjunta dos dados revela que o mercado permanece saudável e segue reagindo a eventos macroeconômicos, mantendo uma correlação cada vez mais evidente com o S&P 500 e com os desdobramentos geopolíticos, que começam a dar mais sinais de alívio. 

On-Chain

Quando os indicadores de medo e ganância sinalizam medo, investidores de curto prazo tendem a realizar vendas — muitas vezes com prejuízo. Isso pressiona os preços para baixo e cria oportunidades para investidores de longo prazo, que passam a acumular o ativo, movimento refletido no indicador abaixo.

Esse comportamento representa uma dupla confirmação: embora o cenário atual seja desconfortável para especuladores, investidores com visão de longo prazo seguem absorvendo o preço, ajudando a formar um fundo de mercado.

Caso essa transferência de BTC para mãos mais fortes continue, a expectativa é que o indicador atinja seu pico em julho, especialmente se o preço permanecer lateralizado nas próximas semanas.

ETFs e derivativos

Os ETFs de Bitcoin registraram dias positivos recentemente, mas com baixo volume de negociação, refletindo incerteza entre investidores de curto prazo.

Já os ETFs de Ethereum mantiveram uma trajetória negativa ao longo de todo o mês de março, sinalizando menor apetite institucional pelo ativo.

Apesar disso, os saldos líquidos permanecem expressivos: os ETFs de Ether acumulam US$2,4 bilhões positivos, enquanto os de Bitcoin somam US$36,2 bilhões, número 10% abaixo do pico histórico de US$40,2 bilhões registrado em 10 de fevereiro.

Opções: maior vencimento do ano acontece hoje

Nesta segunda-feira (25), ocorre o maior vencimento de opções do ano, com US$ 12,21 bilhões em contratos sendo expirados. O evento pode gerar pressão de venda e impactar negativamente o preço do Bitcoin ao longo do dia, com o mercado mirando a região dos US$ 85 mil como ponto de equilíbrio técnico.

Análise Semanal do Bitcoin (BTC)

O Bitcoin iniciou a semana com força, fechando o gap da CME ao superar a marca de US$87.239 na segunda-feira. O movimento foi consolidado com um fechamento semanal acima dos US$85.962, reforçando o viés positivo e abrindo espaço para um possível reteste na faixa entre US$90 mil e US$93,77 mil.

A tendência de alta no gráfico mensal permanece ativa, desde que os principais suportes sejam mantidos. Essa estrutura só será invalidada caso o preço registre fechamentos semanais e mensais abaixo do suporte mensal, atualmente localizado em US$76.469 (linha roxa).

Dominância do Bitcoin (BTC.D)

A dominância do Bitcoin segue em trajetória ascendente, atualmente em 61,74%, com alvo técnico projetado em 62,58%. Em um mercado que combina sinais de recuperação com sentimento de medo, esse patamar é considerado saudável para o momento.

Cenário de oportunidade

Caso o preço do Bitcoin se mantenha estável, com leve viés de alta e baixa volatilidade, altcoins de maior capitalização podem ganhar fôlego e apresentar movimentos de curto prazo.

Cenário de risco

Se o Bitcoin perder a faixa entre US$86 mil e US$91 mil no fechamento semanal, com dominância caindo abaixo de 59,56%, isso pode sinalizar uma fase de consolidação prolongada, com possível extensão por mais 90 dias.

Indicador de Altseason

O Indicador de Altseason recuou novamente para 27 pontos, patamar historicamente considerado saudável para entrada no mercado de altcoins. Esse nível sugere um ambiente mais propício para ativos de maior risco, especialmente os de grande capitalização no ecossistema Web3.

Contudo, reforçamos que, enquanto o Bitcoin não confirmar uma nova tendência em tempos gráficos menores, as altcoins tendem a permanecer lateralizadas, com movimentos mais contidos.

De acordo com nossa cartilha de indicadores para ativos de risco, leituras próximas a 30 pontos são, em geral, associadas a boas oportunidades de posicionamento estratégico no curto prazo.

O índice de ganância do mercado web3 continua oscilando nas mínimas históricas, testando 31 pontos na última semana de março.

Análise Técnica do Ethereum (ETH)

O Ethereum (ETH) inicia a semana com sinais de recuperação, estabelecendo a região dos US$1.975 como principal suporte local — ponto-chave para definir se a tendência de baixa irá se sustentar nos próximos dias.

O que esperar do ETH nesta semana? Caso o ativo rejeite a resistência em US$2.158 e perca o suporte em US$1.975, o mercado pode buscar níveis mais baixos, com alvo inicial em US$1.730, podendo se estender até US$1.518.

Quais os principais suportes técnicos?

  • US$ 1.730;
  • US$ 1.518;
  • US$ 1.425.

Bear Market no Horizonte? A perda dos suportes citados abre espaço para uma queda mais acentuada, com possível teste da região dos US$1.100, caracterizando um cenário de bear market técnico para o Ethereum.

Ponto de retorno

Para reverter o atual viés negativo, o ETH precisa romper a linha de tendência de baixa no gráfico mensal (marcada em roxo), com fechamento acima de US$2.161 ainda em março.

Qual a criptomoeda da semana?

A Helium se destacou no mercado blockchain ao criar uma rede global descentralizada para dispositivos IoT e, com o projeto de ticker MOBILE, expandiu sua proposta de valor para o setor de internet móvel. Lançado como um spin-off voltado para telecomunicações, o Helium Mobile superou a marca de 120 mil assinantes em seu primeiro ano, evidenciando o crescente interesse por soluções inovadoras de conectividade.

O projeto busca unir a segurança do blockchain a uma infraestrutura de rede robusta, oferecendo internet móvel de alta qualidade a um custo acessível — tornando sua adoção uma escolha racional e não apenas tecnológica.

Em termos de adoção, o Helium Mobile conta atualmente com 456.291 usuários ativos diários, tendo registrado um crescimento de 63.637 novos usuários nos últimos sete dias. 

Além disso, a rede já implantou 63.483 antenas (hotspots) até o dia 25 de março de 2025, número que vem crescendo desde setembro de 2023. Essas antenas são remuneradas em tokens MOBILE, o que incentiva a expansão contínua da infraestrutura descentralizada.

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Autor
Taiamã Demaman
Economista especializado em Web 3.0, é Líder de Pesquisa na Coinext.
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